Donald Trump, recém-eleito para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, tem gerado grande preocupação entre a comunidade de imigrantes brasileiros com sua promessa de deportar em massa 11 milhões de pessoas sem documentação regularizada. Essa medida, anunciada durante sua campanha, ressoa particularmente entre os brasileiros que vivem nos EUA há décadas.
Keila Melo, uma brasileira de 40 anos que vive em Derry, New Hampshire, e comanda um negócio na área de limpeza, expressou suas preocupações sobre a política migratória de Trump. “Votei por uma economia melhor. E não foi um problema ele bater na tecla da imigração ilegal. Primeiro, porque ninguém deportou mais gente, desde que vivo aqui, do que o governo de Barack Obama. Segundo porque a porteira aberta deixa gente boa e ruim entrar no país, e temo pela minha segurança, do meu marido e de meus dois filhos,” disse Keila, que entrou nos EUA de forma irregular pela fronteira com o México e passou uma década até conseguir a cidadania.
Trump afirmou, em sua primeira entrevista após ser eleito novamente, que priorizará a deportação de 11 milhões de pessoas sem documentação regularizada no início de seu segundo governo. Durante a campanha, ele classificou esses imigrantes de “animais”, “vindos de cadeias e sanatórios”, que “envenenam o sangue dos americanos”.
Os dados oficiais mostram que, nos oito anos do governo de Barack Obama, 5,2 milhões de pessoas foram deportadas, contra 1,6 milhão nos quatro anos do primeiro mandato de Trump. No entanto, a promessa de Trump de intensificar as deportações tem alarmado a comunidade imigrante, que vê nessa medida um risco significativo para suas vidas e famílias.
A migração mais veloz de latinos para a direita, especialmente entre os homens latinos, foi uma das explicações para a vitória mais contundente de Trump do que as pesquisas apontavam. No condado de Hillsborough, em New Hampshire, onde vive Keila, Trump venceu com 56% dos votos, um aumento significativo em relação às eleições anteriores.
Silvia Pedraza, professora de Sociologia e História da Universidade de Michigan, observou que “um comportamento comum na história da imigração nos EUA, e não apenas na dos latinos, é de quem se estabelece legalmente passar a defender mais rigor para os que tentam seguir seus caminhos.” Essa dinâmica é particularmente relevante para imigrantes como Keila, que agora se veem diante de uma política migratória cada vez mais restritiva.
A promessa de Trump de deportar em massa também levanta questões sobre a legalidade e a viabilidade de tal medida. Especialistas alertam que o envio de tropas para realizar deportações em massa poderia violar leis e colocar a população contra as Forças Armadas dos EUA. Além disso, a resistência de funcionários do Pentágono e de outros setores do governo pode ser um obstáculo significativo para a implementação dessas políticas.
Em resumo, a promessa de Trump de deportar 11 milhões de imigrantes sem documentos regularizados tem gerado um clima de medo e incerteza entre a comunidade brasileira e outros imigrantes nos EUA. As implicações legais, sociais e econômicas dessas medidas são profundas e continuam a ser um tema central no debate político americano.