Deputado acusado de violência doméstica causa tumulto na Alesp em discussão com colegas; vídeos e detalhes

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Deputado acusado de violência doméstica bate-boca com colegas, e sessão da Alesp
é interrompida; VÍDEOS

Mônica Seixas (PSOL) afirma que Lucas Bove (PL) cometeu violência política de
gênero contra ela e a deputada Professora Bebel (PT). Deputado diz que psolista
utiliza causas sérias para fazer proselitismo político.

Deputado acusado de violência doméstica bate boca com deputadas na Alesp
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Deputado acusado de violência doméstica bate boca com deputadas na Alesp

O deputado estadual Lucas Bove (PL), que no último dia 26 teve o seu pedido de
cassação por violência doméstica arquivado na Alesp
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/26/conselho-de-etica-da-alesp-arquiva-pedido-de-cassacao-contra-deputado-lucas-bove-acusado-de-agressao-contra-ex-esposa.ghtml],
bateu boca com parlamentares mulheres nesta terça-feira (2). A discussão foi
durante a sessão para referendar a indicação de Wagner Rosário para a vaga de
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Pelo registro em vídeo da sessão é possível ver que Bove, em pé, falava com a
deputada Professora Bebel (PT), que estava sentada, enquanto a líder da minoria,
Thainara Faria (PT), nomeava a deputada Mônica Seixas para falar em nome da
bancada (veja acima).

Mônica se vira para falar com a dupla que conversava, e Bove passa a gesticular
com a deputada, que vai ao microfone: “Eu interpelei o deputado Lucas porque ele
estava insistentemente falando com a Professora Bebel com o dedo em riste. Eu
pedi para ele se afastar, e ele começou a gritar comigo”.

Bove então interrompe a deputada: “Eu estou tendo uma conversa com a Professora
Bebel, que é adulta, que é dona do seu mandato, que tem voto, que tem voz”.

Na discussão que se segue, Bove fica alterado e diz para a deputada: “Não vem
encher o meu saco. Vai trabalhar!” (veja vídeo acima).

A sessão foi interrompida.

Um registro feito por assessores da minoria na Alesp mostra que o bate-boca
continuou mesmo durante o período de pausa. “Vocês pegam causa séria e
transformam em proselitismo político”, grita o parlamentar (veja vídeo abaixo).

Deputado do PL discute com parlamentar do PSOL durante interrupção de sessão da
Alesp [https://s02.video.glbimg.com/x240/13895033.jpg]

Deputado do PL discute com parlamentar do PSOL durante interrupção de sessão da
Alesp

Procurada, a deputada Mônica Seixas relata ter havido uma cena de intimidação no
plenário.

> “Eu só ouvi a Bebel repetir muitas vezes que ‘não queria’. E aí, no que eu
> virei, vi o Lucas debruçado sobre a mesa dela com o dedo em riste, perto do
> nariz dela, falando para ela fazer, para ela falar, para ela convocar, e ela
> falando: ‘Não, eu não quero’. Então, muito calmamente, olhei para a colega e
> falei: ‘Deputada, a senhora está bem?’ Ele bateu na mesa e começou a gritar
> comigo.”

“Tentar impor a uma mulher o medo no exercício da sua atividade é violência
política de gênero”, diz a parlamentar. A deputada afirma que vai entrar com
representação contra o colega no Comitê de Ética da Alesp —foi dela a
representação que pedia a abertura de processo por cassação do mandato de Bove
por violência doméstica, que foi arquivada na última semana (leia mais abaixo)—
e que também vai acionar o Ministério Público Eleitoral.

A psolista já conseguiu uma condenação contra um colega por violência política
de gênero. Em 2024, o ex-deputado Wellington Moura (Republicanos) foi condenado
a pagar R$ 44 mil por danos morais e a fazer um curso de letramento de gênero
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/06/04/wellington-moura-tera-de-pagar-r-44-mil-e-fazer-curso-sobre-genero-por-dizer-que-colocaria-cabresto-na-boca-de-monica-seixas.ghtml]
por ter falado, dois anos antes, que colocaria um “cabresto na boca” da
deputada.

As deputadas Thainara Faria (PT) e Paula da Bancada Feminista (PSOL)
manifestaram solidariedade com Mônica Seixas após o episódio e pediram o
adiamento da votação da indicação do novo conselheiro do TCE por causa do
episódio.

À TV Globo, Bove reiterou as suas falas em plenário — de que a deputada faz
proselitismo político com “causas sérias” — e a acusou de divulgar fake news.

PEDIDO DE CASSAÇÃO

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/cidade/sao-paulo/] (Alesp) decidiu, em 26 de
agosto, arquivar a denúncia contra o deputado estadual Lucas Bove (PL), acusado
de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter agredido a ex-esposa, a
influenciadora Cintia Chagas.
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/10/10/influenciadora-acusa-deputado-bolsonarista-lucas-bove-por-violencia-domestica-justica-de-sp-concede-medida-protetiva.ghtml]

Chagas é uma influenciadora com mais de 6 milhões de seguidores nas redes
sociais e, no ano passado, prestou queixa contra o deputado e relatou uma série
de abusos físicos e psicológicos durante o relacionamento de mais de dois anos
que teve com o político. Ele nega as agressões (veja mais abaixo).

A denúncia de violência doméstica chegou à Alesp depois que Mônica protocolou um
pedido contra Bove, pedindo a cassação do parlamentar.

Após análise do conselho, os deputados estaduais que formam o colegiado
decidiram arquivar a representação por 6 votos contra 1. A única parlamentar que
foi a favor da cassação foi Ediane Maria, também do PSOL.

Votaram contra o prosseguimento da denúncia na Alesp os seguintes deputados:

* Oseias de Madureira (PSD)
* Carlos Cezar (PL)
* Dirceu Dalben (Cidadania)
* Eduardo Nóbrega (Podemos)
* Rafael Saraiva (União Brasil)
* Delegado Olim (PP)

“Trata-se de um desserviço de membros da Alesp. Preocupados apenas com o
corporativismo, com a autodefesa, homens públicos mostram indiferença às
mulheres. Não é à toa que eu temia pela minha vida ao lado dele, o qual sempre
afirmou que, por ser ‘branco, com cara de rico e deputado, era imbatível’. Ele
sempre disse que nada aconteceria com ele na Alesp”, afirmou Cíntia Chagas, após
a decisão do conselho.

Em nota, a defesa do deputado disse que “se limita a afirmar a mais absoluta
inocência do Sr. Lucas Bove, que brevemente será devidamente comprovada nos
autos”.

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