Laura Carneiro (PSD-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP) protagonizaram um bate-boca nesta quinta-feira, 24, durante mais uma sessão da CPI dos Atos Golpistas. A discussão ocorreu em um momento em que a sessão do colegiado estava suspensa, mas foi registrada pelo cinegrafista da TV Globo, Guilherme Timóteo.
O desentendimento começou por que Feliciano protestou contra o presidente da comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA), que havia cortado o microfone dos parlamentares até a chegada do depoente desta quinta, o militar Luís Marcos dos Reis. Por usa vez, Laura Carneiro saiu em defesa de Arthur Maia.
“Aprenda a respeitar mulher e homem também”, disse Laura Carneiro. Na sequência, ela bateu na mesa e disse: “Quem conduz esta porcaria é ele [Arthur Maia]”. Já Marco Feliciano apenas repetia: “É sobre isso que eu quero falar. É sobre isso que eu quero falar”. Os microfones não captaram outras falas do parlamentar.
Depois que todos se acalmaram, a sessão foi retomada com o depoimento do sargento Luís Marcos dos Reis. O militar atuava na equipe de Mauro Cid, na Ajudância de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele está preso desde maio, suspeito de participar de esquema de falsificação de cartões de vacinação.
Depoimento
Reis disse que movimentações financeiras identificadas em relatórios de inteligência financeira (RIFs) que estão em posse da CPMI do 8 de Janeiro, decorrem de uma espécie de consórcio entre militares, gerenciado por ele. Confrontado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD), ele disse que outras movimentações tiveram origem em venda de um carro que teria feito para o tenente-coronel Mauro Cid. Outro montante seria referente a benefícios como férias, licenças e pecúnia no âmbito do Exército.
No entanto, para a relatora, as informações dos RIFs e o depoimento reforçam a existência de um emaranhado de transações atípicas no entorno do ex-presidente da República. Somente em relação a Luis Marcos dos Reis, reforçou Eliziane, os relatórios apontam que, de fevereiro de 2022 a janeiro de 2022, teria sido movimentado algo em torno de R$ 3 milhões, o que, na visão dela, seria incompatível com uma remuneração de cerca de R$ 10 mil a R$ 13 mil.
Ainda de acordo com a relatora, é importante avançar nas investigações dessas movimentações para buscar identificar possíveis relações com eventuais financiadores dos atos do 8 de Janeiro. Ela levantou dados dos RIFs sobre repasses feitos pela empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção na conta do sargento.
A mesma empresa, conforme investigações da Polícia Federal (PF), tem como sócio, Vanderlei Cardoso de Barros, ex-auxiliar da presidência no Palácio da Alvorada. A mesma empresa também tinha contratos com o governo federal, entre eles, com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf).
— A Cedro do Líbano é uma empresa investigada que, na verdade […] fez uma movimentação de mais de R$ 32 milhões de 2020 a 2023. Segundo o Coaf, e por isso a atipicidade desses RIFs que chegaram à CPMI, ela é incompatível com o porte e a estrutura da empresa. Essa empresa, o capital dessa empresa é de R$ 15 mil. Olha a movimentação milionária dela. E, esta mesma empresa, para desenhar aí para quem está incomodado, esta mesma empresa transfere entre o titular da empresa e a própria empresa o equivalente a R$ 74.280 para o senhor Dos Reis — apontou Eliziane.
Sobre essa relação, o depoente disse que não tinha conhecimento de que a empresa pertencia a Vanderlei Cardoso de Barros, no entanto, não quis mais responder porque as informações fazem parte de inquérito na Polícia Federal. Ele negou ter feito pagamentos para a ex-primeira dama Michele Bolsonaro.
O ex-assessor de Bolsonaro também não respondeu sobre investigações a respeito do esquema de falsificação de cartões de vacina do ex-presidente, familiares dele e assessores, mas negou qualquer participação. (*Com Agência Senado)
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