A disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados tem tirado o sono de alguns candidatos e fomentado propostas que já se transformaram em motivo de chacota junto aos eleitores. É o caso do ‘desafio’ feito pelo vereador de Anápolis, Leandro Ribeiro (PP), que prometeu, caso seja eleito, destinar ao município 100% dos recursos de suas emendas parlamentares.
Especula-se que a ideia do atual presidente da Câmara Municipal de Anápolis tenha dois objetivos bem definidos. O primeiro, tumultuar o ambiente para prejudicar as candidaturas de Márcio Corrêa (MDB) e Rubens Otoni (PT), os dois principais nomes da cidade na disputa por uma das 17 cadeiras de deputado federal. Sem capilaridade eleitoral e estofo, “bagunçar o processo” seria a única alternativa.
Essa conversa de contemplar apenas Anápolis, virando as costas para os outros 245 municípios goianos, além de improdutiva – ninguém jamais logrou êxito em uma eleição goiana para a Câmara dos Deputados com votos de um único colégio eleitoral – é considerada tacanha. “É como se ele quisesse chegar a Brasília sem sair de Anápolis, tipo um vereador/deputado federal”, comenta uma liderança da cidade que pediu para não ser identificada.
A outra possibilidade colocada na mesa é de que Leandro Ribeiro, na verdade, não estaria nem aí para a eleição de deputado federal. O objetivo seria ampliar o vínculo com a população da cidade, jogar para a torcida local, com o propósito de disputar a Prefeitura de Anápolis em 2024.
Análise
Embora cada campanha siga uma dinâmica particular, pensada para destacar as forças e minimizar as fraquezas dos candidatos, algumas situações são comuns a todos, entre elas a importância de se investir na capilaridade eleitoral.
Em Goiás, há 387 candidatos a deputado federal se digladiando por pouco mais de 4,8 milhões de votos e modestas 17 cadeiras em Brasília. Portanto, percorrer o estado, abrir novas fronteiras e buscar apoios é a fórmula mais assertiva para o sucesso nas urnas.
Ao abdicar dessa estratégia, Leandro Ribeiro parece passar mensagem de autossuficiência, como se fosse soberano em Anápolis, mas sequer figura entre os principais nomes da cidade à Câmara dos Deputados. Ou ainda, que pretende adotar a prática do ‘quanto pior, melhor’, na tentativa de prejudicar os adversários com reais chances de vitória no dia 2 de outubro.