Desafios da violência nas linhas ferroviárias do Rio de Janeiro: impactos e soluções futuras

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Os trens que circulam pela malha ferroviária do Rio de Janeiro enfrentam uma série de desafios provocados pela violência e pelo crime organizado. Com áreas dominadas por facções como o Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro, Amigos dos Amigos e milícias, as composições passam por 179 comunidades sob influência desses grupos. Em decorrência dessa realidade, os usuários vivenciaram, somente nos primeiros dez meses deste ano, um total de 682 cancelamentos ou interrupções de viagens, com uma média de duas ocorrências por dia, em média.

A Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transporte (Agetransp) foi responsável por coletar os dados acerca das interrupções nos trens. A maior concentração de favelas está localizada na Zona Norte, com 104 comunidades, mas há presença dessas áreas em outros pontos da cidade, como no centro, Zona Oeste e Baixada Fluminense. Os ramais da SuperVia, que conectam a capital a 11 municípios por 270 quilômetros de trilhos, foram impactados por 16 trocas de tiros que afetaram a circulação dos trens, em média acontecendo a cada 20 dias.

As interrupções nas viagens podem durar desde 15 minutos até mais de 18 horas, dependendo da gravidade do incidente. No ramal de Belford Roxo, por exemplo, um tiroteio resultou no fechamento de quatro estações, com o serviço só sendo normalizado no dia seguinte. O ramal Gramacho/Saracuruna foi especialmente afetado, com nove trocas de tiros somente nos 11 primeiros meses do ano. Áreas como Vigário Geral, Parada de Lucas e Cordovil, sob influência do Terceiro Comando Puro, enfrentam frequentes interrupções.

Com o leilão judicial previsto para janeiro de 2025, um novo operador do sistema de trens será definido, substituindo a atual SuperVia. O contrato será uma permissão com duração de cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco. A remuneração da empresa será por quilômetro rodado, em um modelo semelhante ao das barcas. A expectativa é que a nova concessionária comece a operar a partir de abril, trazendo mudanças significativas na gestão e controle das tarifas.

Diante desse cenário de violência, a Polícia Militar realiza patrulhamento ao longo dos 270 quilômetros de ferrovia utilizados pela SuperVia, com equipes distribuídas estrategicamente. A SuperVia também enfrenta problemas como o furto de cabos, que prejudica a operação dos trens. Medidas estão sendo tomadas, como a aplicação de “verniz permanente” nos cabos para inibir a ação dos receptadores. Com novas mudanças no horizonte, espera-se uma melhoria na segurança e no funcionamento do transporte ferroviário no Rio de Janeiro.

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