Desafios do turismo em Bombinhas: crescimento, preservação e saneamento em SC

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Turismo de massa, desafio em dobro em Bombinhas: paraíso em SC tem corrida para conciliar crescimento, preservação e metas de saneamento

Pequena em extensão, mas gigante em turismo, cidade é uma pequena península com 25 mil pessoas e chega a receber mais de 2 milhões de turistas no verão. Nessa época, enfrenta desafios como balneabilidade acesso limitado à rede de esgoto.

Bombinhas, no Litoral Norte de Santa Catarina — Foto: Cristian Cruz/Prefeitura de Bombinhas

Com 36 quilômetros quadrados, Bombinhas é a menor cidade em extensão de Santa Catarina, mas enfrenta desafios de territórios grandes: no verão, a península recebe mais de 2 milhões de visitantes, aumentando a população de 25 mil moradores em até 18 vezes ao mês. Às vésperas de mais uma temporada, os números da prefeitura mostram o potencial da cidade, mas pressionam por conciliação entre o turismo, a preservação e as metas de saneamento.

Bombinhas é a Capital Nacional do Mergulho Ecológico, abriga 39 praias e três unidades de conservação, ocupando 67% do seu território. Por outro lado, o crescimento ao longo dos anos tem gerado problemas em relação às construções irregulares, despejo de esgoto no mar e dados negativos de balneabilidade nas praias. Em fevereiro de 2025, por exemplo, no auge do verão, 7 dos 9 pontos analisados pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) estavam impróprios para o banho.

Responsável pelo tratamento de esgoto, a Águas de Bombinhas diz que apenas 18,21% da cidade está conectada à rede de coleta e tratamento — equivalente a cerca de 4,5 mil moradores. O índice é inferior à média estadual, de 33,97%, e distante da meta nacional definida pelo Marco Legal do Saneamento que prevê 90% de cobertura até 2033 no Brasil. Para especialistas, o avanço nesse tema está ligado às reduções de custos com saúde, à valorização imobiliária, qualidade de vida dos locais e impulso no turismo.

Entre as iniciativas em andamento, a empresa está construindo uma nova estação de tratamento, que deve elevar a cobertura de saneamento para 54% em 2026 (veja mais detalhes do projeto abaixo). O que você vai ler aqui:
– Pedágio ambiental, investimentos e números;
– Tratamento de esgoto centralizado e descentralizado;
– O paradoxo entre turismo e desenvolvimento;
– Empresa investe em nova estação de tratamento e fiscalização;
– Como está o abastecimento de água na cidade;

Luana Prado, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, também avalia que a falta do serviço vai na contramão do que é esperado para impulsionar o turismo de uma região, comprometendo em determinado grau o desenvolvimento do setor. O impacto costuma ser mais sentido justamente nas cidades litorâneas.

Para garantir a preservação no pequeno destino paradisíaco, a prefeitura adotou, ainda em 2015, a cobrança da Taxa de Preservação Ambiental (TPA). A iniciativa é adotada em poucos locais país e já foi alvo de processos e contestações na justiça, mas segue ativa e com reajuste neste ano. Atualmente, ela é cobrada em Fernando de Noronha (PE) e Jericoacoara (CE), por exemplo. Na temporada mais recente, o pedágio em Bombinhas garantiu arrecadação de R$ 26,4 milhões — sendo R$ 16,6 milhões pagos por veículos nacionais e R$ 9,8 milhões relacionados à entrada de automóveis estrangeiros na cidade.

Engenheiro sanitarista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodrigo Mohedano explica que a legislação brasileira prevê duas formas de tratamento de esgoto. A primeira é o sistema centralizado, no qual os dejetos são coletados e encaminhados para uma estação de tratamento. A segunda é o descentralizado, feito diretamente nos imóveis por meio de fossas sépticas ou caixas de gordura, que é mais comum em áreas rurais e regiões de praia.

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