A central de desbloqueio de celulares roubados descoberta pela Polícia Civil no Morro do Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa, em dezembro, chocou a população do Rio de Janeiro. Com nove funcionários, todos presos por receptação e organização criminosa, a quadrilha era liderada por Patrick Fontes Souza da Silva, de 31 anos. Entre os criminosos, havia pessoas com passagens por diversos crimes, incluindo estelionato, tráfico de drogas, e associação para o tráfico. A operação policial resultou na apreensão de 200 celulares roubados e cinco toneladas de maconha.
Além de desbloquear os celulares para revenda, a quadrilha buscava ter acesso às contas bancárias das vítimas. Para isso, utilizavam técnicas avançadas de desbloqueio aprendidas na deep web, incluindo softwares capazes de modificar IMEIs e burlar a segurança de iPhones. O grupo também utilizava programas com robôs que testavam inúmeras combinações de senhas para destravar os aparelhos. A atuação dos criminosos não se limitava apenas à revenda dos celulares roubados, mas incluía invasões a contas bancárias e transferências fraudulentas.
Mensalmente, o estado do Rio de Janeiro registra um alto número de roubos e furtos de celulares. Em janeiro deste ano, houve um aumento significativo de 39% nos registros de roubo de celulares em relação ao mesmo período do ano anterior. Os furtos também atingiram um patamar recorde, totalizando 3.620 ocorrências, um crescimento de 15% em relação a janeiro do ano passado. Somando roubos e furtos, foram registrados 5.708 casos, o equivalente a um crime a cada oito minutos.
A falta de uma categoria específica de “devolução” no sistema de registro de ocorrências da Polícia Civil do Rio e do Instituto de Segurança Pública dificulta a contabilização dos celulares recuperados. No entanto, as delegacias realizam investigações para recuperar e devolver aparelhos roubados e furtados. Especialistas destacam a importância de pesquisas de vitimização para identificar a subnotificação de crimes e orientar as políticas de segurança pública de forma mais eficaz.
Para combater o mercado ilegal de celulares, especialistas propõem a implementação de programas de segurança e aperfeiçoamento das operações policiais. A experiência do Piauí no combate ao crime inspirou o programa federal Celular Seguro, mas há a necessidade de medidas adicionais, como um sistema de alerta para reativação de IMEIs. A comunicação entre polícia e população e a eficácia das operações policiais também são pontos críticos que precisam ser melhorados para reduzir os roubos e furtos de celular e aumentar a confiança da população nas instituições de segurança.