O Gondwana, um supercontinente que abrangia terras que hoje correspondem à América do Sul, África, Antártida, Austrália, Índia e a Península Arábica, existiu entre o fim do Neoproterozoico e o Cretáceo. Um estudo recente, publicado na Communications Earth & Environment, analisou 60 amostras de âmbar coletadas na pedreira Genoveva, na província de Napo, revelando 21 bioinclusões, incluindo insetos como moscas, besouros, vespas e percevejos, além de fragmentos de plantas como pólen, esporos e folhas fósseis.
Os químicos indicam que o âmbar se originou de coníferas da família Araucariaceae, em meio a um ambiente úmido com samambaias e cicadófitas. Diferentemente de depósitos no hemisfério norte, não há evidências de queimadas, indicando uma floresta preservada. Esta descoberta equatoriana preenche uma lacuna na pesquisa de âmbar com inclusões, permitindo a análise da biodiversidade e ecossistemas do sul de Gondwana durante a expansão das florestas resinosas.
Uma equipe internacional conduziu a pesquisa, combinando microscopia, análises geoquímicas e estudos de palinologia para datar o material em cerca de 112 milhões de anos, durante o ‘Cretaceous Resinous Interval’. Apesar do avanço, a quantidade limitada de inclusões restringe generalizações sobre a fauna estudada devido à possível alteração da composição do âmbar por contato prolongado com petróleo, exigindo cuidado nas análises químicas.