Criado por diretor do Botafogo, Centro de Análise do Atlético-MG auxiliou na contratação de Milito e reforços; conheça
DE disseca departamento de inteligência atleticano, conta detalhes no processo de contratações e do levantamento de dados
A disputa pela informação — com agilidade e qualidade — marca uma “guerra” interna dos clubes pelo mundo. O objetivo? Chegar antes e aproveitar oportunidades na contratação de jogadores, técnicos e joias da base. Essa concorrência mira uma coisa em comum: ter ferramentas para tomar a melhor decisão. No Atlético-MG [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/atletico-mg/], o departamento responsável por isso foi repaginado por Alessandro Brito, hoje homem forte do futebol do Botafogo. Os times são rivais na final da Conmebol Libertadores.
Conheça o Centro de Informações do Galo, que orienta as contratações do Atlético-MG [https://s02.video.glbimg.com/x240/13140329.jpg]
Conheça o Centro de Informações do Galo, que orienta as contratações do Atlético-MG
Imagens: Fabiano Sperandio.
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Mazzuco relembra como tirou Alessandro Brito do Atlético-MG [https://s01.video.glbimg.com/x240/13135204.jpg]
Mazzuco relembra como tirou Alessandro Brito do Atlético-MG
O Novo CIGA – Centro de Informação do Galo – tem papel importante no dia a dia. Auxiliou na contratação de Gabriel Milito e tem participação ativa no futebol atleticano. No ge, trazemos detalhes exclusivos do setor e uma entrevista com o gerente de mercado do clube, Rodrigo Weber.
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A HISTÓRIA DO CIGA
A inauguração do novo setor ocorreu no dia 18 de maio de 2021. Antes, o departamento só auxiliava na análise de mercado. Com a chegada de Alessandro Brito ao Galo, no início de 2021, os processos mudaram.
O CIGA passou a ser divido em quatro setores: captação (voltado para as categorias de base); análise de desempenho (que engloba todas as categorias a partir do sub-15 até o profissional, do Clube e também de adversários); analytics (que avalia jogadores com minutagem em jogos profissionais, independentemente da idade; e mercado, que já existia.
A principal propósito era — e segue sendo — embasar as decisões do clube nas questões ligadas ao futebol, através da utilização de modernas ferramentas de análise.
Alessandro Brito deixou o Galo em 2022 para assumir um cargo no Botafogo, adversário do time mineiro na final da Conmebol Libertadores. Hoje, é o homem-forte no departamento da equipe carioca, chamando a atenção pelos movimentos no mercado.
— Minha relação é de anos com Alessandro: ele trabalhava no Athletico-PR, eu no Coritiba. Sempre tínhamos vontade de trabalhar juntos. Isso ocorreu em 2019, quando assumo Paraná Clube como diretor-executivo, e ele como gerente de mercado. É uma função que exige alguém de confiança. É fundamental nos clubes – explica André Mazzuco, atual diretor do Inter.
Alessandro Brito, novo analista do Botafogo — Foto: Reprodução/Instagram
— Quando assumo o Botafogo, o Textor me permite uma vaga para trazer alguém da minha confiança. Ele até pergunta: “Você conhece um head-scout bom?” Até brinquei que conhecia o melhor, mas seria difícil trazer. Ele estava no Atlético, que vinha de um ano maravilhoso. Foi uma série de conversas e conseguimos reeditar essa dupla. Um trabalho qualificado e profissional – completou Mazzuco, responsável por levar Brito ao Botafogo.
No Atlético, Rodrigo Weber foi esportivao escolhido para assumir a função na coordenação do CIGA. Jornalista com experiência na cobertura esportiva, Weber trabalhou na FIFA e no Internacional.
Após se especializar, migrou para a área observação técnica. Na função, trabalhou em clubes como Coritiba e Internacional até chegar ao Galo, em 2022.
— Weber chegou ao Coritiba em um momento importante. Veio bem referendado pelo trabalho que vinha fazendo no Internacional. É um cara que tem um profundo conhecimento do futebol sul-americano. Muito bem preparado – disse Paulo Thomas de Aquino, ex-dirigente do Coritiba.
> “Quem me oportunizou foi o Rodrigo Caetano. Eu havia trabalhado com ele no Internacional, no departamento de mercado. Ele me convida para assumir a função. Encontrei um clube extremamente bom. Tive a sorte de vir no momento que o clube estava se preparando para virar SAF (Rodrigo Weber, ao ge).
Rodrigo Weber, Gerente de Mercado do Atlético-MG — Foto: André Ribas/ge
A ESTRUTURA DO CIGA
O Ciga conta com 14 profissionais no departamento, sendo três coordenadores — todos sob o direcionamento de Rodrigo Weber.
A Análise de Desempenho é chefiada por Gustavo Nicoline. Matheus Dupin e Alexandre são os analistas responsáveis por colher informações do Atlético, de dia a dia, parte tática, técnica, coletiva, e da análise dos adversários.
Rotina dos profissionais do CIGA — Foto: André Ribas/ge
A operação de Mercado é chefiada por Pedro Picchioni. Na equipe, estão Edgar Albino, João Hygino, Pedro Ivo (no Rio de Janeiro) e Leandro Miranda (em São Paulo). É o setor que mapeia atletas, avalia possíveis reforços, oportunidades no mercado e faz a análise do elenco.
Organograma do CIGA — Foto: Atlético
No setor de Análise de Dados, o Atlético foi pioneiro no Brasil. Outros clubes já tinham profissionais, mas nenhum com um departamento exclusivo. Ele conta com a coordenação de Rodrigo Picchioni, com os analistas Léo Martins, Sérgio Pessoa e Gabriel Valadão.
O FUNCIONAMENTO
O CIGA é parte importante do futebol atleticano, mas não é ele que toma decisões. Ele não contrata e não vende ninguém, só oferece suporte de informações para a tomada de decisão.
Em relação a reforços, apresenta nomes, por exemplo, conforme as características buscadas. Fornece um relatório completo do jogador (comportamental, tático, financeiro e técnico) e pode chegar a opinar sobre um nome, se é positivo ou não, mas, a decisão final, cabe ao comitê de futebol.
— O CIGA é um departamento de informação do Atlético-MG [https://globoesporte.globo.com/futebol/times/atletico-mg/], subsidiário do departamento de futebol. É um braço que trabalha em várias frentes. Tanto na parte do campo, com análise de desempenho, quanto na parte do mercado, com o scout do clube, inclusive a base. E na área de dados, dando suporte em várias áreas do clube. E em projetos especiais. Tentamos levar o máximo de informação possível, para que os tomadores de decisão, tenham confiança — disse Weber.
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Paulinho foi um desses nomes que passaram pela indicação do departamento. Um ano antes de ser contratado, o CIGA via como bons olhos a contratação.
Outro ponto que pesou para a decisão foi que o contrato do atacante, que estava na Alemanha, chegaria ao fim em um curto prazo. Após toda essa análise e um relatório minucioso, o diretor de futebol da época, Rodrigo Caetano, entrou na jogada.
— O Mérito do CIGA foi levar o nome ao Rodrigo Caetano. Era março ou abril de 2022. Sugerimos. O contrato estava para terminar na metade de 2023. Mas quem tem o grande mérito foi o Caetano. Ele acreditou que ele tinha essa qualidade. Teve o poder de convencimento, de mostrar para o Paulinho que, no Atlético, ele poderia recuperar o bom futebol.
Jogadores como Paulinho e Scarpa costumam estar no banco de dados de boa parte dos clubes do Brasil. O trabalho do CIGA também tem relação com descobrir talentos e jogadores que não estão no radar dos tomadores de decisão, mas pode render frutos ao clube.
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O colombiano Brahian Palacios se encaixa neste perfil. Ele estava no Atlético Nacional, da Colômbia. O clube buscava um extremo de velocidade, jovem, que pudesse contribuir com o elenco e com perspectiva de uma venda no futuro. Foi nessa ideia que o CIGA apresentou o atacante ao comitê de futebol atleticano.
— O nosso planejamento prevê ter jogadores experientes, mas também de ter ativos, jogadores que podem ser vendidos no futuro. Esse equilíbrio buscamos a todo tempo. O Brahian foi um desses casos. Um jogador que identificamos um potencial.
> “Ele tinha as características buscadas naquele momento. Trouxemos com o intuito de terminar de desenvolver, dar o tempo para adaptação. Assim que ele começar a performar, acreditamos que ele possa ser um jogador a ser utilizado no mercado.
Mais um exemplo claro de como funciona o trabalho é a contratação de Gabriel Milito. O Atlético tinha acabado de demitir Felipão – nome buscado para um momento específico que o clube passava.
Coube ao CIGA, pela primeira vez, participar do processo de contratação de um técnico na equipe. A busca começou com mais de 500 nomes. Diminuiu para 20 e chegou em quatro profissionais.
Nesse processo de identificação, com a ajuda de dados, Milito se enquadrou em todos os requisitos, conforme mostra relatório apresentado ao técnico.
— O processo de contratação de Gabriel Milito foi o primeiro onde o CIGA teve uma participação ativa na escolha do treinador. Foi um processo bem profundo para chegar ao nome dele. Baseado em dados, do que vimos dos times deles.