Entenda como se formou o diamante de 646 quilates descoberto em MG
Geólogo Daniel Fernandes explica que a gema é formada por fragmentos de kimberlitos, rochas raras que se formam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra. A pedra foi extraída das margens do Rio Douradinho, em Coromandel, no Diário do Estado.
O diamante bruto de 646,78 quilates descoberto em Coromandel, no Alto Paranaíba, MG, e que se tornou o segundo maior já encontrado em território brasileiro, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), se formou a partir de kimberlitos, rochas raras que se originam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra.
Para entender o processo, o geólogo Daniel Fernandes explica que a origem dessas pedras preciosas é dividida em dois tipos principais: primária e secundária, ambas ligadas a eventos naturais ocorridos há milhões de anos.
Segundo Daniel, a chamada origem primária diz respeito à formação dos diamantes em kimberlitos, rochas raras que se formam a partir do resfriamento lento do magma no interior da Terra. Com o tempo, essas rochas se rompem e liberam diamantes, que são transportados para estruturas conhecidas como paleocanais, espécie de antigos leitos fluviais subterrâneos.
Esses paleocanais concentram os diamantes que, por sua vez, enriquecem o solo da região de forma natural. Esse processo é justamente o que torna Coromandel um dos pontos mais valiosos para a mineração de gemas no Brasil.
Já a origem secundária envolve a movimentação dos diamantes ao longo do tempo. Por estarem sujeitos a processos naturais como erosão e ação da água, essas pedras acabam “rolando” e se deslocando, o que dificulta sua localização precisa.
Sim, durante o processo de lapidação do diamante ele pode mudar de cor. De acordo com o geólogo, os diamantes têm a composição formada de carbono. Quanto mais puro for o diamante, ou seja, quanto mais a composição for formada apenas por carbono, maior será a transparência e o valor.
Contudo, a pureza é algo extremamente raro na natureza porque pode ser que a gema seja contaminada pelos elementos químicos presentes ao redor.
Além disso, segundo Daniel, os diamantes podem ter todas as cores do arco-íris, dependendo do elemento químico pelo qual ele é contaminado durante a formação. A cor pode variar, ainda, conforme as regiões brasileiras, uma vez que cada uma delas tem o solo rico em determinado elemento.
Segundo Daniel, ao longo da carreira profissional já observou diversos compradores que tiveram prejuízo ao comprarem um diamante e ele mudar de cor após a lapidação. De acordo com o geólogo o fenômeno ocorre porque grande parte das gemas apresenta uma capa de alteração hidrotermal, capa de cloritização ou outro nome a depender do elemento químico pelo qual a capa é formada.
Durante a lapidação essa capa é perdida e é quando o diamante pode mudar de cor, ficando branco ou amarelado.