Descubra os discos injustiçados de Gal Costa para celebrar seus 80 anos

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Eis oito injustiçados álbuns de Gal Costa que você deve ouvir com mais atenção

Colunista inicia hoje série de textos para festejar os 80 anos da cantora na
sexta-feira, 26 de setembro.

1 de 9 Capas de álbuns de Gal Costa (1945 – 2022), cantora que faria 80 anos na
sexta-feira, 26 de setembro — Foto: Reprodução / Montagem de

Capas de álbuns de Gal Costa (1945 – 2022), cantora que faria 80 anos na
sexta-feira, 26 de setembro — Foto: Reprodução / Montagem de

♬ GAL 80 ANOS [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] – É
fato que Gal Costa [https://g1.globo.com/tudo-sobre/gal-costa/] nem sempre
lançou álbuns à altura da inigualável voz cristalina. Ainda assim, a discografia
da cantora baiana muitas vezes foi alvo de injustiças por parte da crítica e do
público. A própria Gal costumava lembrar em entrevistas que o atualmente
incensado álbum Cantar (1974) foi recebido com pedras na época do lançamento.

Refém do próprio passado glorioso do início da discografia solo, tendo lançado
sequência de quatro álbuns antológicos entre 1969 e 1971, Maria da Graça Costa
Penna Burgos (26 de setembro de 1945 – 9 de novembro de 2022) nunca deixou de
ser grande cantora nem nos menores títulos da discografia.

Basta mencionar os erráticos álbuns Gal de tantos amores (2001) e Gal bossa
tropical (2002) para concluir que a voz sempre reinou sobre todas as coisas boas
e ruins. A sublime interpretação da valsa-canção A última estrofe (Cândido das
Neves, 1932) no equivocado álbum Gal de tantos amores é exemplo de como a voz
driblou os erros e se confirmou soberana.

♫ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Por conta dos 80
anos de Gal, festejados na próxima sexta-feira, 26 de setembro, o Blog do Mauro
Ferreira [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] inicia hoje
série de posts em homenagem a essa grande e imortal cantora. Para começar, eis
uma lista de oito álbuns de Gal que nunca são apontados entre os melhores
títulos da discografia da artista, mas que nem por isso devem ser ignorados:

2 de 9 Capa do álbum ‘Caras & bocas’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

Capa do álbum ‘Caras & bocas’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Caras & bocas
(1977) – Somente o canto de Negro amor, versão em português de Caetano Veloso e
Péricles Cavalcanti para tema folk lançado por Bob Dylan em 1965, já validaria a
existência desse álbum produzido por Perinho Albuquerque (1946 – 2025) com mix
de soul, MPB black e rock (este presente mais na atitude e na ambiência do que
no som propriamente dito). Foi neste disco que Gal lançou Tigresa, pôs soul em
rock inédito da Rita Lee (1947 – 2023) da fase Tutti Fruti (Me recuso), deu voz
à música também inédita de Jorge Ben Jor (Minha estrela é do Oriente) e
apresentou Marina Lima, parceira de Duda Machado em Meu doce amor. A
música-título Caras & bocas é parceria de Caetano Veloso com Maria Bethânia. de
Um grande disco para ser sorvido à meia-luz!

3 de 9 Capa do álbum ‘Lua de mel como o diabo gosta’, de Gal Costa — Foto:
Reprodução

Capa do álbum ‘Lua de mel como o diabo gosta’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Lua de mel como o
diabo gosta (1987) – Após dois álbuns de grande aceitação popular, Profana
(1984) e Bem bom (1985), Gal foi induzida a dobrar a aposta no tecnopop, mote de
um dos títulos mais atacados da discografia da cantora. Contudo, a voz estava no
auge, como provam os agudos lancinantes do canto onomatopaico de Arara (uma das
três músicas de Lulu Santos presentes no repertório) e da intepretação de Sou
mais eu, tema-clichê dos hitmakers Sullivan & Massadas. A favor de Lua de mel
como o diabo gosta, há grande e pouco badalada canção de Djavan (O vento,
parceria com Ronaldo Bastos) e uma balada pop sensual de Milton Nascimento e
Fernando Brant (1946 – 2015), Me faz bem, alvo de clipe no programa Fantástico.
Na faixa final, a grande cantora deita e rola no tom jazzy de Todos os
instrumentos, pérola de Joyce Moreno.

4 de 9 Capa do álbum ‘Gal’, de 1992 — Foto: Reprodução

Capa do álbum ‘Gal’, de 1992 — Foto: Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Gal (1992) – Gal
queria registrar o aclamado show Plural (1990) em álbum duplo ao vivo.
Insensível, a direção artística da gravadora BMG ignorou a sugestão da cantora.
Gal então foi para o estúdio com o produtor Mazzola e fez sofisticado disco de
repertório pontuado por músicas do show ausentes no álbum Plural (1990), como
Coisas nossas (Noel Rosa, 1932), Feitio de oração (Noel Rosa e Vadico, 1933),
Cordas de aço (Cartola, 1976), Rumba de Jacarepaguá (Haroldo Barbosa, 1947) e
Revolta Olodum (José Olissan e Domingos Sérgio, 1989), esta gravada no disco com
a base rítmica do grupo Raízes do Pelô, Entre as novidades, havia Raiz, joia da
Bahia preta de Roberto Mendes e Jota Velloso. O álbum Gal é perfeito, um dos
títulos mais injustamente desconhecidos da obra da cantora.

5 de 9 Capa do álbum ‘Aquele frevo axé’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

Capa do álbum ‘Aquele frevo axé’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Aquele frevo axé
(1998) – Um ano após voltar às paradas com álbum gravado ao vivo na série
Acústico MTV em 1997, em reabilitação comercial que deixou aliviada e satisfeita
a gravadora BMG, Gal retornou ao estúdio e fez álbum moderno, produzido por
Celso Fonseca. Aquele frevo axé surtiu pouco efeito comercial, para desgosto da
artista, mas legou pérolas como o sambossa baiano de Caetano Veloso com o então
desconhecido Cézar Mendes que batizou o disco. Assum branco, tema em que José
Miguel Wisnik dialoga com Asa branca e Assum preto, foi outro destaque de
repertório que incluiu abordagem com suingue de Esquadros, canção de Adriana
Calcanhotto, lançada pela autora em 1992. Sertão, parceria de Caetano com Moreno
Veloso, encerrou outro belo e injustiçado disco na trajetória fonográfica de
Gal. O esquecível hit radiofônico do álbum foi Que beleza (1975), música do Tim
Maia (1942 – 1998) da fase Racional.

6 de 9 Capa do álbum ‘Gal Costa canta Tom Jobim ao vivo’, de Gal Costa — Foto:
Reprodução

Capa do álbum ‘Gal Costa canta Tom Jobim ao vivo’, de Gal Costa — Foto:
Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Gal Costa canta
Tom Jobim ao vivo (1999) – Esse songbook de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994)
deveria ter sido gravado em estúdio, com a presença de Tom, como chegaram a
planejar a cantora e o compositor. Ainda assim, o disco ao vivo resultou
interessante, apesar das incômodas palmas do público e da tentativa vã de
transformar Frevo (1958) numa Festa do interior ao fim do show captado em São
Paulo (SP). Sob produção de Mazzola, Gal trouxe Piano na Mangueira (1992, última
parceria de Tom com Chico Buarque) para salão de gafieira, reverenciou João
Gilberto (1931 – 2019) na maciez do canto do samba Desafinado (Tom e Newton
Mendonça, 1959) e enquadrou temas como Esquecendo você (Tom e Aloysio de
Oliveira, 1959) na moldura tradicional do samba-canção. Diante das
circunstâncias em que foi feito, o álbum Gal Costa canta Tom Jobim ao vivo soa
bem bom.

7 de 9 Capa do álbum ‘Todas as coisas e eu’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

Capa do álbum ‘Todas as coisas e eu’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Todas as coisas e
eu (2003) – Os anos 2000 foram a década mais titubeante da discografia de Gal
Costa. A cantora pareceu sem rumo, acomodada, tendo feito discos sem a velha
chama. Primeiro e único álbum gravado por Gal na Indie Records, Todas as coisas
e eu é disco que reflete esse momento menos inventivo da artista. Ainda assim,
analisado em perspectiva, o álbum desce redondo dentro do tradicionalismo da
produção de Mariozinho Rocha. Com cordas, correção e eventual tom seresteiro,
Gal dá voz a sambas-canção como Pra machucar meu coração (Ary Barroso, 1943),
Nervos de aço (Lupicínio Rodrigues, 1947), Alguém como tu (José Maria de Abreu e
Jair Amorim, 1952) e Nossos momentos (Haroldo Barbosa e Luís Reis, 1960). Um
álbum sem um traço sequer de ousadia, traço recorrente na discografia de Gal,
mas ainda assim coeso e de beleza atemporal.

8 de 9 Capa do álbum ‘Hoje’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

Capa do álbum ‘Hoje’, de Gal Costa — Foto: Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Hoje (2005) –
Tentando se renovar, Gal assinou com a gravadora Trama e fez disco mais arejado
em que conciliou músicas de ícones da MPB como Caetano Veloso (que lhe deu Luto)
e Chico Buarque (Embebedado, parceria com José Miguel Wisnik) com o cancioneiro
de nomes emergentes como Nuno Ramos e Clima. Parceria de Moreno Veloso com Quito
Ribeiro, o aliciante samba Um passo à frente apareceu no álbum Hoje, cuja
música-título é assinada por Moreno. Contudo, pairou a sensação de que Gal
poderia ter ido mais fundo na renovação do repertório e da sonoridade. Talvez o
erro tenha sido confiar a produção do disco a César Camargo Mariano, pianista
associado à MPB dos anos 1970.

9 de 9 Capa do álbum ‘Gal Costa live at the Blue Note ’, de Gal Costa — Foto:
Reprodução

Capa do álbum ‘Gal Costa live at the Blue Note ’, de Gal Costa — Foto:
Reprodução

♬ [https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/] Gal Costa live at
the Blue Note (2007) – Gravado em show feito pela cantora no Blue Note de Nova
York (EUA) em maio de 2006, o álbum ao vivo tem repertório dominado pelo
cancioneiro de Antonio Carlos Jobim, compositor de nove das 19 músicas. Gal
também canta Ary Barroso (1903 – 1964) e Dorival Caymmi (1914 – 2008) no roteiro
moldado para ouvidos gringos habituados ao Brasil do samba e da bossa nova. O
standard norte-americano I fall in love too easily (Jule Styne e Sammy Cahn,
1944) foi a novidade na voz de Gal e soou como reverência ao cantor e
trompetista Chet Baker (1929 – 1988), ídolo da artista.

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