Descubra segredos dos bunkers em prédios históricos de BH

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Conheça segredos dos bunkers de prédios históricos de BH

A construção de abrigos antiaéreos era obrigatória em prédios na década de 1940, durante a 2ª Guerra Mundial, mas a capital mineira pode ter tido o primeiro bunker do Brasil ainda antes da obrigatoriedade. Conheça o bunker do edifício Indaiá em Belo Horizonte, citado nesta reportagem.

“Agora são andorinhas e urubus que cruzam os céus desta cidade, mas pode ser amanhã aviões inimigos que joguem bombas nessa linda metrópole.” A frase é de uma notícia publicada no jornal Diário da Manhã, de 11 de maio de 1941, e se referia ao receio de que Belo Horizonte fosse atingida por bombas durante a 2ª Guerra Mundial. Ainda segundo o jornal, diante da possibilidade de ataques, o comerciante português Firmino Seabra, que tinha negócios na capital mineira, estava construindo um edifício com um abrigo antiaéreo e aquele seria o primeiro do tipo no Brasil.

A construção seria feita antes mesmo de entrar em vigor um decreto-lei promulgado em 6 de fevereiro de 1942, pelo então presidente Getúlio Vargas. O texto determinava que edificações com mais de cinco andares tivessem abrigos e outras medidas de proteção, em defesa da pátria. O edifício é o Tupinambás, projetado pelo arquiteto Romeo de Paoli e que fica na rua dos Tupinambás, nº 665, no centro de Belo Horizonte. Lá mora o estudante do curso de história Rafael Miranda. Foi ele, com a ajuda do amigo e colega de faculdade Gabriel Figueiredo, quem descobriu a notícia do Diário da Manhã e muitas outras que anunciavam a construção do bunker por Firmino Seabra.

No Diário do Estado de Minas que será exibido na tarde deste sábado (18) na TV Globo em Minas, os dois estudantes mostram o abrigo que teria sido projetado para 80 pessoas. Apesar da existência do local com paredes grossas e das notícias de jornal anunciando a construção, a prefeitura de Belo Horizonte não reconhece o Edifício Tupinambás como um dos prédios tombados da cidade que tem um abrigo antiaéreo.

O edifício Indaiá é um prédio de apartamentos com 10 andares, que fica na Av. Bias Fortes, nº 1.146, no centro de Belo Horizonte. Ele foi projetado pelo arquiteto italiano Raffaello Berti, em 1944, ainda durante a Segunda Guerra Mundial. O imóvel ficou pronto em 1947 e foi, segundo o dossiê de tombamento do edifício, o segundo prédio construído no entorno da praça Raul Soares, mas o primeiro da região a ter um abrigo antiaéreo. O espaço de proteção ainda existe por lá, como mostra o porteiro Rodrigo dos Santos Rodrigues.

De acordo com a prefeitura de Belo Horizonte, o edifício Casablanca, que fica na Av. Olegário Maciel, esquina com a praça Raul Soares, também tem um bunker descrito nas plantas do imóvel. O edifício de 12 andares foi projetado por Wady Simão em 1945. Mas o bunker do Casablanca não existe mais. Segundo o síndico do prédio, Frederic Marx, o espaço foi transformado em garagem. Ele explicou que a construção do abrigo antiaéreo foi feita por membros de uma comunidade judaica, antes de o prédio ser projetado, como um espaço independente.

O edifício Acaiaca, que fica na Av. Afonso Pena, nº 867, no centro de Belo Horizonte, tem 30 andares e teve a planta aprovada em 1943, durante a vigência da Segunda Guerra Mundial. Por isso, teve que obedecer ao decreto e construir um abrigo antiaéreo. Mas o espaço nunca foi utilizado para proteção. Durante anos funcionou como depósito, cantina e até mesmo como local de funcionamento do sistema de telefonia do prédio. Em janeiro deste ano, a administração decidiu restaurar o bunker, resgatando o projeto original, que inclui quatro células de capacidade total para 200 pessoas, uma sala antecâmara para descontaminação e uma saída de emergência — posteriormente bloqueada pelas salas do Cine Acaiaca. As células foram abertas à visitação do público com visitas guiadas. Além de conhecer o espaço e suas características históricas, os visitantes podem ver intervenções artísticas feitas na entrada do bunker.

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