Saiba quem são os suspeitos de desvios milionários em contratos públicos na Bahia e outros estados
DE cumpriu 15 mandados de prisão contra investigados em São Paulo, Goiás e
cidades baianas.
1 de 11 Dinheiro apreendido com um dos alvos da operação — Foto: Divulgação/PF
Empresários, servidores públicos e até um vereador eleito estão entre os alvos
da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta
terça-feira (10). A organização criminosa é suspeita de atuar em fraudes
licitatórias, desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro, tendo movimentado aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Desse montante, R$ 825 milhões são provenientes de contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024.
O desvio ocorria por meio de contratos superfaturados firmados com o
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Os crimes apurados
incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos e
lavagem de dinheiro.
Os mandados foram cumpridos na Bahia, São Paulo e Goiás. Até o fim desta
tarde, 15 pessoas foram alvo de prisão preventiva e outras duas seguem
foragidas. A DE também cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e ordens de
sequestro de bens nos estados.
* Prefeitura de Salvador demite servidor preso em operação contra desvio
milionário de recursos públicos
* Vereador joga sacola de dinheiro pela janela antes de ser preso pela DE
A decisão judicial da 2ª Vara Federal Criminal aponta o empresário Alex Rezende
Parente como líder da organização criminosa. Além dele, seu irmão, o também
empresário Fábio Rezende Parente, e o ex-coordenador do DNOCS, Lucas Maciel
Lobão Vieira, seriam integrantes do “núcleo central da organização”.
CONFIRA ABAIXO O QUE SE SABE SOBRE OS SUSPEITOS DETIDOS NA BAHIA E QUAL SERIA A
PARTICIPAÇÃO DE CADA UM DELES NO ESQUEMA, DE ACORDO A DE:
* Alex Rezende Parente
Suposto líder da organização criminosa, Alex é sócio-proprietário das empresas
Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda., Larclean Ambiental,
Rezende Serviços Administrativos Ltda., FAP Participações Ltda., e Qualymulti
Serviços EIRELI – ME. Ele é suspeito de fraudar licitações com o setor público.
Segundo os investigadores, o homem era o responsável por coordenar a execução
das fraudes em licitações, negociar diretamente com servidores públicos e
organizar o pagamento de propinas.
* Fabio Rezende Parente
Fábio Rezende é suspeito de integrar organização criminosa acusada de desviar
recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Irmão de Alex, Fábio é também sócio-proprietário de empresas como Larclean,
Allpha Pavimentações, FAP Participações LTDA., e Rezende Serviços
Administrativos LTDA.
Ele é apontado como integrante do “núcleo central da organização”, atuando como
executor financeiro da organização, realizando as transferências bancárias e os
pagamentos de propinas. Ele é suspeito de utilizar contas bancárias em nomes de
terceiros, como a da empresa fantasma Bra Teles Ltda.
* Lucas Maciel Lobão Vieira
Lucas Lobão é suspeito de integrar organização criminosa acusada de
desviar recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Lucas Lobão é suspeito de integrar organização criminosa acusada de desviar
recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Lucas é ex-coordenador estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas na Bahia (DNOCS). De acordo com a DE, ele é também gerenciador dos
contratos firmados pela Allpha Pavimentações com o setor público e, enquanto
trabalhava no DNOCS, seguia atuando nos bastidores em favor da empresa.
Ele é descrito como mais um integrante do “núcleo central da organização”,
suspeito de financiar atividades ilícitas, definir diretrizes operacionais e
exercer controle sobre os membros, “promovendo ações criminosas de forma
coordenada”.
Lucas foi destituído do cargo no DNOCS em 22 de setembro de 2021 após um
relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar um sobrepreço estimado
em R$ 192.309.097,16 na compra de 470 mil reservatórios de água de polietileno.
José Marcos Moura
José Moura é suspeito de integrar organização criminosa acusada de
desviar recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
José Moura é suspeito de integrar organização criminosa acusada de desviar
recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Conhecido como “Rei do Lixo”, José é um empresário do setor de limpeza urbana.
Ele possui contratos com diversos municípios brasileiros, inclusive Salvador
, por meio de suas empresas.
A decisão aponta que o homem tinha papel de liderança no esquema criminoso,
junto com Alex Parente. O empresário é suspeito de atuar na prospecção de
contratos, “com a cooptação de servidores mediante o pagamento de propina”.
“Segundo a representação, o investigado possui ampla rede de contatos e
influência política capaz de interceder junto a autoridades públicas em favor
dos interesses da organização, facilitando o andamento de contratos e o
desbloqueio de pagamentos”, indica a decisão judicial. Ele teria “facilidade de
trânsito com os agentes públicos, dentre eles o secretário de Educação do
Município de Salvador”.
Empresário é preso em força tarefa contra organização criminosa
Empresário é preso em força tarefa contra organização criminosa
ENTRE OS DEMAIS SUSPEITOS DETIDOS NA BAHIA ESTÃO:
Francisco Manoel do Nascimento Neto, eleito vereador para o mandato 2025-2028
em Campo Formoso, pelo partido União Brasil, e primo do deputado Elmar Nascimento (União-BA). Antes de ser preso, Francisco tentou se livrar de dinheiro em espécie que mantinha em casa.
Francisco Nascimento é suspeito de integrar organização criminosa
acusada de desviar recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
👉 Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, agora ex-diretor geral da Secretaria
Municipal de Educação (Smed) da capital baiana. Ele é suspeito de favorecer Alex Parente em uma licitação.
Flávio Pimenta foi exonerado da Prefeitura de Salvador após ser preso no
âmbito da Operação Overclean — Foto: Reprodução/Prefeitura de Salvador
👉 Clebson Cruz de Oliveira, suspeito de fornecer apoio logístico à organização
criminosa em Salvador, executando tarefas manuais como o saque de grandes
quantias para pagamento de propina e a entrega desses valores em nome dos
empresários.
👉 Kaliane Lomanto Bastos, coordenadora de Projetos, Execução e Controle na
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de Jequié. Ela é suspeita de receber R$
48,7 mil de propina para liberar pagamentos retidos em contratos públicos
firmados entre a empresa Allpha e a prefeitura.
Kaliane Lomanto é suspeito de integrar organização criminosa acusada de desviar
recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
👉 Orlando Santos Ribeiro, secretário de Governo de Itapetinga. É suspeito de receber
propina em troca de ações que favoreciam empresas do grupo criminoso nos
contratos fraudulentos.
Orlando Ribeiro é suspeito de integrar organização criminosa acusada de desviar
recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
👉 Diego Queiroz Rodrigues foi vereador do município de Itapetinga na
legislatura 2017-2020 e voltou a se eleger para o cargo neste ano. É suspeito de
receber “pagamentos espúrios” feitos com frequência por Alex Parente.
Diego Queiroz é suspeito de integrar organização criminosa acusada de desviar
recursos públicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais
👉 Geraldo Guedes de Santana Filho, sócio da A G&M. É suspeito de atuar como
funcionário de Alex Parente, “executando funções de contabilidade, secretariado,
além de tratativas diretas com agentes do setor público envolvidos nos contratos
firmados com a Larclean”.
👉 Evandro Baldino do Nascimento, empresário do ramo de construção. É suspeito
de colaborar com o sustento logístico e operacional da organização criminosa em
fraudes licitatórias nos municípios de Oliveira dos Brejinhos e Campo Formoso.
👉 Fábio Netto, procurador da empresa Villetech. É suspeito de integrar a
organização criminosa em Senador Canedo, cidade de Goiás.
Dois suspeitos foram detidos em outros estados:
Claudinei Aparecido Quaresemin, secretário de parcerias público-privadas do
Tocantins. É suspeito de receber pagamentos de Alex Parente para favorecer a
Larclean em contratos licitatórios.
Iuri dos Santos Bezerra é suspeito de participar das atividades ilícitas do
grupo, conforme destacado pelo MPF.
Além deles, Itallo Moreira de Almeida e Ailton Figueiredo Souza Junior foram
alvos de mandados de prisão, mas estão foragidos. O primeiro é servidor da
Secretaria de Educação do Tocantins, suspeito de favorecer empresas nas
licitações.
Já Ailton teria atuação em Salvador. A DE afirma que ele possui “amplo e
irrestrito acesso aos mais diversos setores da Prefeitura Municipal de Lauro de
Freitas”, a ponto de até “dar ordem para pagamento”.
ENTENDA O MODUS-OPERANDI DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
DE cumpre mandados judiciais em cinco estados — Foto: Divulgação/Receita Federal
O desvio ocorria por meio de contratos superfaturados firmados com o
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Os crimes apurados incluem
corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos e lavagem
de dinheiro.
Os investigadores da Receita Federal descobriram que uma organização criminosa
estava utilizando um esquema estruturado para desviar recursos públicos. Esses
recursos, provenientes de emendas parlamentares e convênios, eram direcionados
para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais.
As investigações constataram a prática de superfaturamento em obras e desvios de
recursos com o apoio de interlocutores que facilitavam a liberação de verbas
destinadas a projetos previamente selecionados pela organização criminosa.
Veja abaixo como o grupo atuava:
* Por meio de operadores centrais e regionais, que cooptavam servidores
públicos para obter vantagens indevidas, tanto no direcionamento quanto na
execução de contratos;
* Após garantir a celebração dos contratos fraudulentos, as empresas envolvidas
superfaturavam valores e aplicavam preços acima dos preços referenciais de
mercado;
* Os pagamentos de propinas eram realizados por meio de empresas de fachada ou
métodos que dificultavam a identificação da origem dos valores.
A Receita Federal informou ainda que as investigações apontaram também que a
lavagem de dinheiro era realizada de forma “altamente sofisticada”, incluindo o
uso de:
* Empresas de fachada controladas por “laranjas”, que movimentavam os recursos
ilícitos;
* Empresas com grande fluxo financeiro em espécie, utilizadas para dissimular a
origem dos valores desviados.
Relatórios elaborados pela Receita Federal, em cumprimento à ordem judicial,
apontaram inconsistências fiscais, movimentações financeiras incompatíveis,
omissão de receitas, utilização de interpostas pessoas e indícios de variação
patrimonial a descoberto.
Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, com penas de 2 a 12 anos
de reclusão, peculato, fraude em licitações e contratos e lavagem de dinheiro.
As penas somadas podem ultrapassar 50 anos de reclusão, além das multas
previstas na legislação.
Jóias apreendidas com um dos alvos da operação — Foto: Divulgação/PF
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