Desembargadores de MS recebem “supersalários” de até R$ 200 mil em esquema de corrupção

Uma investigação recente no Mato Grosso do Sul revelou que desembargadores suspeitos de vender sentenças estão recebendo salários extremamente altos, chegando a até R$ 200 mil líquidos. Esses supersalários têm chamado a atenção de autoridades e da população, destacando a gravidade da corrupção no judiciário estadual.

Os desembargadores foram alvo da operação “Última Ratio”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) com apoio da Receita Federal na manhã desta quinta-feira, 24, após três anos de investigação. Eles são investigados por lavagem de dinheiro, extorsão, falsificação e organização criminosa.

A investigação, que tem sido conduzida por órgãos responsáveis pela fiscalização do judiciário, apontou que vários desembargadores estão envolvidos em esquemas de corrupção, onde sentenças são vendidas a partes interessadas. Essa prática não apenas compromete a integridade do sistema judiciário, mas também gera desconfiança e injustiça.

Os salários dos desembargadores suspeitos são significativamente mais altos do que o padrão para magistrados no Brasil. No Mato Grosso do Sul, o salário-base de desembargador é de R$ 39.717,69, contando com vantagens não especificadas pelo TJMS. Um dos desembargadores, Marcos José de Brito Rodrigues, recebeu salário líquido de R$ 209.198,42 em fevereiro deste ano.

Investigação

Ao todo, a PF cumpriu 44 mandados de busca e apreensão contra os desembargadores, outros servidores públicos, nove desembargadores, além dos empresários suspeitos de se beneficiarem com o esquema.

As autoridades responsáveis pela investigação estão trabalhando para coletar provas e identificar todos os envolvidos nesses esquemas de corrupção. A expectativa é que as medidas tomadas sejam suficientes para restaurar a confiança no judiciário e garantir que a justiça seja aplicada de maneira imparcial.

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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