Última atualização 27/02/2023 | 17:15
O tradicional pequi, que muitos goianos amam, pode ficar escasso, mais caro e dificultar a renda de milhares de produtores com a destruição da árvore por duas pragas. Cientistas estudam o ciclo de vida de uma lagarta que “come” o tronco e um percevejo que ataca a flor. A disseminação do organismo pode estar associada ao desmatamento e desequilíbrio ecológico, que ameaçam a espécie pela primeira vez.
Um dos grandes problemas é a dificuldade de controle da broca-do-tronco, já que o microorganismo que afeta o caule e dá origem a uma mariposa somente agora está se tornando familiar aos pesquisadores. Eles apontam que não é possível combater a larva se ainda não há detalhes sobre como ela “funciona” e o que poderia matar o microorganismo, os ovos ou o inseto adulto.
A defesa tende a se concentrar na utilização de fungos, bactérias e vermes que atacam os insetos ou de substâncias químicas sexuais dos animais chamadas feromônios para atrair os machos, matá-los e reduzir a população. A árvore morre após os filhotes que saem da pupa construírem no tronco e /ou nas raízes para se alimentarem. O processo interrompe o fluxo de seiva, considerada o alimento da planta, e faz despencar a resistência à seca, de acordo com especialistas. Eles são depositados na casca da árvore pela mariposa e conseguem penetrar para completarem o desenvolvimento.
São justamente a entrada das galerias e as fezes próximo do solo que indicam a doença no pequizeiro. Os pesquisadores observaram que a retirada do pequi da árvore, antes de o fruto amadurecer e cair no chão, contribui para a disseminação da praga. É que a lesão na planta facilita a entrada de pragas e de doenças.
Em 2021, imagens inéditas e em detalhes da lagarta foram apresentadas em um evento da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater). Os primeiros registros em quantidades significativas de broca-do-tronco aconteceram há cerca de dois anos em Janpovar, cidade da região Norte de Minas Gerais, onde a estimativa é de metade das árvores afetadas. Em Goiás, a ocorrência já foi detectada em alguns municípios, como Sítio D’Abadia, Damianópolis, Mambaí e Buritinópolis.
No caso da flor do pequi, o risco é causado pelo percevejo Edessa rufomarginata. O dano mais comum causado para as plantas está relacionado à queda prematura de frutos e flores. O inseto leva à perda de seiva e interrompe o desenvolvimento d florada, polinização e crescimento dos pequis.