Colegas de farda, amigos e família se despedem de policial da DE morto na
Cidade de Deus
Lourenço era agente da Coordenadoria de Recursos Especiais, a Core, a força de
elite da Polícia Civil.
Polícia reforça o policiamento na Cidade de Deus nesta terça-feira (20)
Familiares, amigos, colegas de farda e ex-colegas do secretariado se despedem do
policial civil José Antônio Lourenço na tarde desta terça-feira (20).
O
corpo dele está sendo velado no Cemitério Jardim Sulacap, na Zona Oeste do Rio.
Muitas coroas de flores foram enviadas, dentre elas destacando a bravura do
agente na tropa de elite da Polícia Civil, a Coordenadoria de Recursos
Especiais, conhecida como Core.
A equipe dele estava à frente para permitir que policiais das delegacias
do Consumidor e do Meio Ambiente, além de técnicos do Instituto Estadual do
Ambiente (Inea), chegassem até a fábrica de gelo investigada.
ATIRADOR ESTAVA PERTO
Não havia tiroteio quando o policial foi morto
no início da Operação Gelo Podre.
A TV Globo apurou que Lourenço foi atingido por um atirador solitário
posicionado a uma curta distância e atrás de uma seteira. O tiro lhe acertou a
cabeça.
Seteiras são buracos abertos em muros com um diâmetro suficiente apenas para
passar o cano de uma arma. Esses muros geralmente são reforçados justamente para
suportar tiros de grosso calibre.
Para a polícia, entre os suspeitos de participar do confronto que matou o agente
está Ygor Freitas de Andrade, o Matuê, de 28 anos. O Disque Denúncia divulgou um
cartaz
oferecendo recompensa de R$ 5 mil por informações que ajudem a localizar Matuê e
demais envolvidos na morte de Lourenço.
Quem tiver informações pode ligar para (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177.
Nesta segunda, após a morte de Lourenço, a Polícia Civil fez uma grande operação
para tentar prender Matuê.
GELO CONTAMINADO
O agente foi morto durante uma operação da Polícia Civil que investiga crimes
ambientais e contra a saúde pública e interditou uma fábrica de gelo na Cidade
de Deus.
No local, agentes encontraram embalagens jogadas no chão, recipientes sujos e
falta de licença ambiental. O gelo produzido no local abastecia quiosques da
Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, segundo o governo estadual. Duas
pessoas foram levadas para prestar esclarecimentos.
Além da fábrica na Cidade de Deus, outra unidade em Jacarepaguá foi alvo da
operação.
As embalagens apreendidas indicavam que o gelo era “próprio para consumo
humano”, mas a Cedae, com um laboratório móvel, coletou novas amostras para
análise – resultados ainda não foram divulgados.
De acordo com as investigações, parte das empresas usava água de poços sem
licença ambiental e sem tratamento adequado, além de comercializar água
engarrafada clandestinamente, com rótulos falsos de marcas conhecidas.
A Secretaria de Polícia Civil aponta que 70% das fábricas de gelo vistoriadas em
2024 tinham irregularidades, como excesso de amônia e condições precárias de
higiene.
Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, algumas empresas se
instalavam em comunidades controladas por facções criminosas para fugir de
fiscalizações.
Os responsáveis podem responder por crimes contra a saúde pública e relações de
consumo, com penas de até 8 anos de prisão.