Detentos da CPP de Aparecida de Goiânia estão sem água e sem comida

Detentos da Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia (CPP) estão sem água, materiais para higiene pessoal e alimentação na quantidade adequada, segundo a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO). Após diversas denúncias, uma equipe esteve na unidade no último dia 4 de fevereiro, quando constatou que 2,8 mil presos ficam mais de 15 horas sem comida e não tem água potável.

Um outro problema identificado pelos agentes é a superlotação. De acordo com o relatório, uma cela no bloco 3B, com capacidade para oito detentos, abriga entre 28 a 30 pessoas. Em outra, onde cabem 12, estão 60 presidiários. Nas celas também não há energia elétrica e colchões suficientes.

A CPP possui seis blocos e 203 celas de 16 metros quadrados. Ao todo a unidade tem capacidade para 906 detentos, sendo 797 homens e 109 mulheres. Porém, atualmente conta com 2.874 presos, ou seja, 1968 pessoas a mais.

Sem comida e sem água

Ainda de acordo com o relatório, detentos ficam mais de 15 horas sem alimentos, isso porque a janta é entregue às 16 horas e próxima refeição é somente às 7h30 do dia seguinte. Para a defensoria, os internos relataram que o arroz, muitas vezes, está inadequado para o consumo, a carne crua e, às vezes, ‘azeda’ ou ‘perdida’.

Os detentos só têm acesso a água potável quando recebem visitas de familiares ou fornecimento da Copal, uma das empresas responsáveis pela entrega de alimentos e materiais de higiene.

Água destinada a higienização, só está disponível por 20 minutos, em horários pré-determinados e, não ocorre todos os dias. Sem o fornecimento de absorventes, algumas prisioneiras utilizam tecidos para conter a menstruação.

Segundo a Defensoria Pública, um relatório foi encaminhado à Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) para adotar providências necessárias. A administração tem até 15 dias para se manifestar. Também receberam o relatório o Conselho Nacional de Polícia Criminal e Penitenciária, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público de Goiás.

 

Nota Polícia Penal do Estado de Goiás

“A 1ª Coordenação Regional Prisional da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária informa:

– A instituição informa que recebeu, no dia 14 de março de 2022, o relatório de inspeção referente à visita in loco de representantes da Defensoria Pública, realizada em 4 de fevereiro de 2022, na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia. A instituição está analisando o conteúdo do documento e, caso seja necessário, tomará as medidas pertinentes.

Polícia Penal do Estado de Goiás
Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP)
Comunicação Setorial”

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp