Após os assassinatos dentro da Casa de Prisão Provisória (CPP), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) diz que o sistema se prepara para uma possível rebelião. De acordo com o órgão, associações criminosas seriam as responsáveis pelos crimes ocorridos nos últimos sete dias.
Homicídios na CPP de Aparecida
Em entrevista ao Diário do Estado (DE), o promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelas recomendações enviadas à 1ª Coordenação Regional Prisional da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária do Estado de Goiás (DGAP), disse que “os homicídios não ocorreram por coincidência”, havendo a suspeita de que foram provocados com o objetivo de promover uma desestabilização no atual sistema prisional goiano.
“Agora, que há intenção de segmentos ligados ao crime organizado de gerar instabilidade no sistema e de gerar terror, obter privilégios, mordomias para praticar crimes lá dentro. Crimes esses que vão custar caro ao cidadão que mora aqui fora, esse movimento existe, ele é visível e está sendo combatido”, ressaltou Krebs.
Ainda segundo o promotor, a CPP de Aparecida tem uma rotatividade intensa de custodiados e, que isso proporciona a comunicação com associações criminosas. Além disso, ele suspeita que um advogado tenha levado até os detentos “a ordem” de matar Hyago Alves da Silva, Matheus Junior Costa de Oliveira e Paulo Cesar Pereira dos Santos, que aguardavam julgamento pelos crimes de roubo e homicídio.
“Nós suspeitamos também que um advogado tenha levado a ordem para matar os próprios detentos, os próprios colegas”, relatou Krebs
O promotor também explicou que João Victor Nunes Araújo Guedes, assassinado na última quarta-feira, 27, era visto como um “cagueta”, ou seja, alguém que passava as informações para os agentes penitenciários. Por isso, foi espancado até a morte.
“Acharam que o preso estava sendo ali sendo um cagueta, a serviço da polícia penal, como espião. O que não corresponde com a verdade”, contou Krebs.
Rebelião na CPP de Aparecida
O magistrado ressalta que o sistema prisional passou por mudanças nos últimos anos e, que isso, não agradou entidades criminosas. Portanto, os crimes ocorridos na última semana são resposta disso. Krebs também acredita que os criminosos estejam planejando uma rebelião, porém, ele afirma que as autoridades competentes não serão pegas de surpresa.
“Nós estamos mapeando, rastreando isso [rebelião na CPP], acompanhando. Existe um risco e nós acreditamos que de fato é isso que eles pretendem. Mas, nós acreditamos que eles não terão êxito nesse intento. Porque a coisa foi travada, ela poderia ter sido pior, nós poderíamos ter tido mais mortes no sistema prisional”, ressaltou Krebs.
Dois detentos fogem da CPP de Aparecida de Goiânia
Além dos quatro homicídios ocorridos na CPP de Aparecida, na noite deste domingo, 31, os detentos identificados como Washington Santos Amorim e Ismael Cunha, que cumpriam pena por estupro de vulnerável e violência doméstica, respectivamente, fugiram da unidade prisional. No momento da fuga, ambos realizavam serviços de manutenção do local.
A escapada deles também é investigada pela Polícia Civil (PC) e acompanhada pelo MP. De acordo com o promotor de Justiça, até o momento, os investigadores não descartam nenhuma possibilidade. Inclusive, uma delas é de que eles tenham pago propina para o agente responsável por vigiá-los.
“Está sendo apurado se houve negligência de policial penal ou GPT, e se houve pagamento de suborno.Por que como que um preso foge de dentro da Casa de Prisão Provisória?”, relatou Krebs
Ele também explicou que havendo comprovação das hipóteses, o responsável será penalizado, podendo perder o cargo e ser processado. Ainda de acordo com o promotor, “em breve, haverá uma normalização na CPP de Aparecida de Goiânia.”
Outra morte
Além dos casos já relatados pelo Diário do Estado, na manhã desta segunda-feira, 1º, uma detenta foi encontrada morta na Unidade Prisional Regional Casa do Albergado Guimarães Natal, em Goiânia. A custodiada, que estava detida por crimes de ameaça, lesão corporal, dano, desacato e violação de domicílio. O nome dela não foi divulgado. A Polícia Civil investiga o caso.