Dia da Síndrome de Down: “eles precisam de oportunidade”, diz mãe e presidente de associação goiana

O Dia Mundial da Síndrome de Down é 21 de março, nesta segunda-feira. A data 21/03 representa a singularidade que explica a síndrome: a formação de três cromossomos 21. A alteração genética, que acontece ainda durante a formação fetal, pode resultar em comprometimento intelectual e motor.

Fundada há 29 anos, a Associação Down de Goiás (Asdown) reúne cerca de 150 pessoas, em prol da luta pela inclusão. A presidente é Ana Maria Motta, mãe de três filhos, ao lado do marido Genserico Jayme Fernandes. O mais velho, Matheus, tem 29 anos. Maria Thereza, 26, e Pedro, com 24, têm Síndrome de Down. Antes mesmo de ter o primogênito, Ana pressentia que daria à luz a um bebê com a síndrome.

“Era uma certeza que eu tinha. Quando Maria Thereza chegou, não foi surpresa recebê-la. As minhas primeiras palavras, quando segurei ela no colo pela primeira vez, foram para dizer que ela era muito bem-vinda e que a gente tinha muitas coisas para fazer, porque sabíamos que o preconceito não ia acabar, mas seríamos defensoras da causa”, relembra Ana.

Hoje, a Asdown, entidade de qual Ana é presidente, tem parceria com o Instituto Solus, que, vinculado ao projeto Vem Com a Gente, levou seis jovens com síndrome de Down a fazerem estágio no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). A parceria foi feita por meio do projeto Com Viver, que busca a inclusão de pessoas com Down, autismo e outras condições físicas e cognitivas no Tribunal.

“Hoje, temos seis estagiários e a proposta é termos mais. O propósito é a inclusão e a inserção no mercado de trabalho porque pessoas com Síndrome de Down são cidadãs como quaisquer outras” afirma a psicóloga fundadora do Instituto Solos e tutora do Vem Com a Gente, Patrícia José de Oliveira.

Um dos estagiários é Pedro, filho de Ana Maria. Segundo ela, a idade adulta de uma pessoa com a síndrome traz desafios. Ana explica que algumas famílias tendem a isolar o jovem adulto, o que é prejudicial. Da mesma forma, a sociedade ainda traz barreiras para a inclusão.

“O que eles precisam? Ter uma vida comum, não vida normal porque ninguém tem vida normal. Precisam ter todos os direitos de qualquer cidadão: trabalho, direito a namorar, casar, sair para socializar e ter oportunidades na vida. Hoje, a gente sabe que quase nunca alguém com deficiência intelectual entra no mercado de trabalho”, pontua a presidente da Asdown.

Pandemia e Síndrome de Down

As mudanças na rotina, por conta de todas as alterações que a Covid-19 trouxe, impactam pessoas com Síndrome de Down de maneiras específicas. Maria Thereza, por exemplo, disse que se sentia só, ao conversar com uma das profissionais que a acompanham. “Imagina o que é para uma mãe ouvir isso. Pense: o que é para ela, uma pessoa que viveu 26 anos em atividade, de repente ficar dois anos dentro de casa?”, afirma Ana.

Agora, Maria Thereza e o irmão estão retomando a vida, como explica a mãe. “Eles têm atividades em casa, acompanhados por um professor particular. O Pedro está no projeto de estágio no TJ, que é muito importante porque eles precisam de oportunidades”, afirma.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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