A queda de R$ 0,30 no litro do diesel anunciado pela Petrobras para as distribuidoras nesta segunda-feira,19, pode não chegar ao consumidor final ou ser repassado em porcentagem bem pequena. A nova tabela de valores deve começar a valer em até uma semana. A última redução ocorreu há pouco mais de um mês, em agosto. A venda de diesel cairá de R$ 5,19 para R$ 4,89 por litro, ou seja, 5,8%.
O maior consumo e concorrência de preço ocorrerá nas estradas a partir da venda, principalmente para caminhoneiros. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto) de Goiás, Márcio Andrade, acredita que o litro nas bombas deve cair R$ 0,27 somente se toda a cadeia repassar integralmente a redução de preço.
“A partir de amanhã descobriremos se as distribuidoras começarão a fazer valer esses valores e, depois, se os postos farão o mesmo. Sempre há expectativa porque a cadeia envolvida tem a liberdade de fixar os preços. Além disso, a mistura de 10% de biodiesel no diesel também interfere no cálculo final”, explica.
Por causa das oscilações de preço do diesel nos últimos anos, os caminhoneiros fizeram greve por dez dias em maio de 2018. As consequências foram sentidas pela população, especialmente no aumento de preços e desabastecimento de alimentos perecíveis e de combustíveis. As negociações com o governo federal resultaram em conquistas como o piso mínimo do frete.
A cobrança considerada abusiva do principal combustível de caminhões, no entanto, seguiu em alta até poucos meses atrás. Embora tenham ocorrido algumas quedas sucessivas nos combustíveis e mudanças na presidência da Petrobras, o novo cenário é considerado oportunista na perspectiva do presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas (Sinditac), Vantuir José Rodrigues.
“É uma medida eleitoreira do presidente da República. Ele fez o auxílio caminhoneiro para a categoria e incluiu os taxistas para tentar comprar votos com R$ 1 mil por seis meses. A verdade é que não baixou nada porque o álcool e gasolina voltaram a ficar mais caros. Isso prejudica toda a sociedade e corrói o poder de compra de todos nós”, afirma.
Alimentos mais em conta?
O barril de petróleo mais barato, comercializado a US$ 90, o mesmo patamar de fevereiro deste ano no mercado internacional, impulsionaram o reajuste para baixo. No caso do recente aumento dos combustíveis em Goiânia, o economista Luiz Carlos Ongaratto explica que o motivo é a recuperação das perdas financeiras dos donos de postos de combustíveis. Por outro lado, o impacto da redução do diesel para os motoristas é incerto.
“Foi uma redução relativamente baixa. Pode ser que não chegue de fato nos postos, por causa da recomposição de margem de lucro deles. Assim como os postos, os caminhoneiros também podem pegar esse valor menor, de 2% a 6%, e ser absorvida para não haver um próximo aumento dos fretes e dos custos como um todo”, explica;
De acordo com o especialista, produtos como alimentos não devem ser impactados com a queda de preços. Ongaratto acredita que a principal consequência será na inflação como um todo do segmento de transportes já que os combustíveis são um dos principais vilões no setor.