Última atualização 21/06/2022 | 12:51
Considerado o 7º estado que mais apreendeu notas falsas em 2021, Goiás removeu de circulação, 11.610 cédulas falsificadas somente no ano passado. No entanto, o crime de vender e comprar notas falsas e cartões clonados vem crescendo no espaço cibernético, principalmente nas redes sociais, que contam até com grupos específicos para a comercialização desse tipo de produto.
O preço é tentador, com R$ 100 o indivíduo pode adquirir até 1 mil em crédito ou notas de R$ 50, R$ 100 e R$ 200. Porém, o ato de vender ou comprar notas falsas e cartões clonados podem configurar em, pelo menos, quatro crimes, segundo o delegado Davi Freire: estelionato, falsidade identidade, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Juntos, as penas podem chegar a 26 anos de prisão.
O modo de agir e a audácia dos criminosos surpreende, já que além de grupos abertos para o público e publicações expostas do crime, eles também anunciam que enviam as notas e cartões para todo o país por meio dos Correios ou até mesmo aplicativos de transporte, a depender do local da entrega. Ainda garantem: “O produto é de qualidade”, afirmou uma das publicações que o Jornal Diário do Estado teve acesso.
Para coibir a prática, a Polícia Civil (PC) e Polícia Federal (PF) vem realizando operações em todo o estado, conforme informa o delegado Davi Freire. Ele conta que a PC, por exemplo, mantém contato com as operadoras de crédito sobre as falhas encontradas pela corporação, a fim de evitar possíveis golpes.
“A polícia tem procurado se habilitar para combater esse tipo de crime que tem migrado da forma física para a forma virtual, devido ao avanço da tecnologia. Hoje, investigamos alguns casos dos chamados cartãozeiros, que são essas pessoas que usam cartões clonados para realizar compras e golpes. Porém, o maior foco das investigações é o cabeça, a pessoa que fabrica essas notas e cartões. Ano passado, por exemplo, prendemos um dos maiores falsificadores do Brasil em Goianira”, explicou.
Prejuízo
O principal foco dos criminosos não é segredo – causar prejuízo. O empresário Ricardo de Jesus, de 35 anos, que o diga. Dono de um pequeno comércio em Goiânia, ele teve um prejuízo de R$ 100 no ano passado, após receber por um serviço. No entanto, ao parar no posto para abastecer o veículo ficou envergonhado. Ao tentar pagar a conta com o dinheiro que havia ganho, foi informado de que a nota era falsa.
“Pode parecer pouco, mas é um dinheiro ganhado com suor, esforço. Fora o custo que eu tive para consegui-lo. Depois disso eu fiquei mais esperto, comecei a estudar para saber como identificar uma nota falsa. Depois desse ocorrido, mais pessoas apareceram querendo me pagar com notas de R$ 50 e de R$ 100 falsificadas, mas como já tinha conhecimento não cai mais. Hoje é comum se deparar com esse tipo de situação”, concluiu.
Negociação
A reportagem do DE acessou grupos de WhatsApp e negociou com estelionatários por meio de mensagens para entender como é a comercialização desse produto. Confira o dialogo com um dos criminosos:
Repórter: Boa tarde! Você tem notas e cartões disponíveis, em Goiânia?
Estelionatário: Boa tarde! Tenho sim. Envio pelos Correios.
Repórter: Você cobra frete ou o valor é incluso na compra? Quais notas você tem ai?
Estelionatário: A carta registrada é por nossa conta. O Sedex é por conta do cliente, mas pedidos acima de R$ 200 fica por nossa conta também. A gente tem nota de R$ 200, R$ 100, R$ 50, R$ 20, R$ 10 e R$ 5.
Repórter: Beleza. Corre algum risco de dar problema?
Estelionatário: Geralmente é de boa. Como são fibradas não precisam passar. Basta amassar um pouco.
Repórter: E os cartões? Vem com RG? Posso usar tranquilamente?
Estelionatário: Vou te passa os valores, são bem seguros de utilizar. Todos vem com dados do cartão das pessoas, eles são em nomes de terceiros. Depois que o cliente compra, a gente manda os dados do cartão junto com a senha. A senha dá para fazer login no aplicativo do banco, controlar o saldo, fazer compras, pagamentos de boletos, contas, assinaturas, entre outros. Tudo é totalmente seguro, garantimos a você até mesmo transferir o saldo dele em dinheiro para sua conta. Os cartões são todos virtuais, te passo pelo celular mesmo.
Repórter: Top. Qual você me sugere comprar?
Estelionatário: Acredito que as notas sejam melhores.