O recuo dos EUA em sanções ao Brasil não foi uma vitória da diplomacia de Lula, mas a lógica brutal da política de Donald Trump: descartar aliados que perdem utilidade. A análise é do ex-embaixador americano John Feeley, que afirmou à BBC que Trump passou a tratar Jair Bolsonaro como um aliado “descartável” após sua derrota, condenação e prisão. “Assim que Bolsonaro perdeu, Trump o viu como um perdedor, e se há algo que ele não tolera são perdedores”, disse o diplomata. Feeley desmonta a ideia de uma aliança estratégica: a relação era circunstancial, e as sanções impostas pelo governo Trump – como a inclusão do ministro Alexandre de Moraes na lista Magnitsky – teriam sido fruto do lobby de Eduardo Bolsonaro em Washington, não de uma estratégia de Estado. Para Feeley, negociar com Trump é lidar com a “imprevisibilidade” de um presidente “assistemático e economicamente ignorante”. O recado do ex-embaixador é claro: na visão de Trump, Bolsonaro já era.



