Soberania, COP30, multilateralismo e recados a Trump: o que esperar do discurso de Lula na ONU
O presidente embarca neste domingo para Nova York. Lula abre na próxima terça-feira o debate da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
A uma semana da Assembleia Geral da ONU, parte da delegação brasileira ainda não tem visto para entrar nos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abre na próxima terça-feira (23), em Nova York, o debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). No discurso, deve abordar temas como soberania, democracia, multilateralismo, mudanças climáticas e a guerra em Gaza. (veja mais detalhes abaixo)
O discurso só deve ser finalizado na véspera do evento, mas integrantes do governo dizem que a fala de Lula reforçará posições do presidente brasileiro e dará recados em tom diplomático ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Lula será o primeiro presidente a discursar na assembleia. Tradicionalmente, o representante do Brasil abre as falas de presidentes, primeiros-ministros e diplomatas no evento.
O segundo a discursar é o representante dos Estados Unidos. Assim, há possibilidade de que Lula e Trump se cruzem nos corredores da ONU.
SOBERANIA E TARIFAÇO
O presidente deve reafirmar a defesa da democracia e da soberania do Brasil, tom adotado nos últimos meses após Trump impor uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros no país.
Ao adotar as tarifas, Trump tentou, sem sucesso, interferir no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Lula criticou o governo americano pela postura e, após o julgamento, tem destacado a independência do STF.
ESQUENTA PARA COP30
Lula também deve dedicar parte da fala à cobrança por mais empenho nas ações de preservação ambiental e transição energética.
Como anfitrião da COP30, em novembro, o governo brasileiro tenta viabilizar o financiamento por países ricos de ações para preservação de florestas tropicais, a exemplo da Amazônia.
Lula, que assumiu o compromisso de zerar o desmatamento na floresta até 2030, vem cobrando os países a adotarem metas mais ambiciosas para reduzir emissões de gases de efeito estufa.
O presidente também tem interesse em reafirmar a soberania dos países amazônicos para enfrentar problemas de segurança na região. A posição também é um contraponto às movimentações de navios militares dos EUA no mar do Caribe.
UCRÂNIA E PALESTINA
Elaborado com ajuda de assessores e ministros, o discurso de Lula também deve reservar espaço para defesa da democracia e das relações harmônicas entre países, além das reformas de organismos internacionais, como a própria ONU, em especial o Conselho de Segurança.
A expectativa é de que o presidente volte a abordar as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Lula tem se posicionado para a necessidade de um cessar-fogo dos conflitos.
No caso da guerra na Europa, Lula é a favor de uma solução que envolva Rússia e Ucrânia na mesa de negociação.
Já a posição sobre a guerra na Faixa de Gaza é crítica à intensidade da resposta de Israel aos ataques terroristas do grupo Hamas. Lula entende que a resposta militar tenta erradicar os palestinos da região. O presidente é favorável à definição de um Estado palestino capaz de conviver com Israel.