Disputa por secretaria na gestão Nunes causa racha no “PL raiz” de SP
Cúpula do DE municipal ficou irritada com indicação de prefeito de Jundiaí para
o secretariado do prefeito Ricardo Nunes na capital paulista
São Paulo — A indicação do prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado (DE), para
o secretariado do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), gerou um racha entre
líderes do chamado “DE raiz” em São Paulo.
O nome de Machado para compor o 1º escalão da gestão Nunes foi articulado pelo
presidente da Assembleia Legislativa (Alesp), André
do Prado (DE), e por Valdemar Costa Neto, presidente nacional da
sigla. A articulação não envolveu o DE municipal e o grupo de sete vereadores
eleitos da legenda em São Paulo, o que irritou a bancada.
A avaliação é de que André do Prado interferiu em assuntos que caberiam às
lideranças municipais do partido.
> “O diretório municipal e a bancada de sete vereadores do DE querem ser ouvidos
> e ter participação justa na administração do prefeito Ricardo Nunes”, afirmou
> o vereador Isac Felix, líder da bancada do partido na Câmara Municipal e
> presidente do diretório municipal da legenda. Félix é do mesmo grupo do
> deputado federal Antônio Carlos Rodrigues.
A disputa por espaço, portanto, está entre o grupo sob influência de André do
Prado, que é pupilo de Valdemar, e o grupo liderado por Rodrigues e Felix. Todos
compõem o chamado “DE raiz”, ou seja, não pertencem ao grupo que surgiu no
partido após a filiação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Procurado pelo Metrópoles, o presidente da Alesp afirmou que a indicação ainda
não está definida e que Luiz Fernando foi um dos nomes apresentados, entre
outros.
“A conversa com o prefeito foi sobre questões de nível nacional, mas a partir
disso vamos falar com todo mundo. Não houve indicação, outros nomes também foram
colocados e o nome não está definido. Os vereadores serão ouvidos”, disse André
do Prado.
O grupo da capital argumenta que quem dará sustentação ao mandato do prefeito é
a bancada na Câmara de Vereadores e não a bancada de André do Prado na Alesp. O
DE municipal também aponta que garantiu quase 460 mil votos a Nunes na eleição,
levando em conta a somatória nas urnas da bancada eleita.
O pano de fundo da briga é o fato de Valdemar ter fechado um acordo com Ricardo
Nunes à época da campanha de que ele indicaria um nome para o 1º escalão, de
acordo com membros do partido. O desejo do DE é a Secretaria Municipal da
Educação, mas o prefeito afirma que o titular da pasta será um nome escolhido
pessoalmente por ele.
“O Valdemar Costa Neto e o André do Prado me apresentaram o nome do Luiz
Fernando e eu gostei. Se for esse o nome deles, eu vou aceitar. Agora, parece
que está tendo um problema entre eles lá [do DE]. Falei para o Isaac, que é um
vereador que tenho o maior carinho, que os problemas do DE eles têm que resolver
entre eles”, afirmou Nunes nessa quinta-feira (12/12).
A tendência é que Luiz Fernando Machado seja alocado na Secretaria de Verde e
Meio Ambiente. Hoje, a pasta é ocupado por Ricardo Ravena, do grupo ligado ao DE
municipal. O movimento, portanto, “roubaria” a cadeira sob influência das
lideranças da capital.
Outro nome do DE, o vice-prefeito eleito, Coronel Mello Araújo, deve assumir a
Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos. Vinculada à Casa Civil, a pasta
cuida dos programas voltados à Cracolândia, entre outras funções. Mello
Araújo, no entanto, é tratado como cota pessoal de Bolsonaro, que o indicou para
a vice de Nunes, e não é considerado como um quadro partidário pelas lideranças
paulistas do DE.
Questionado se o DE poderia ter duas cadeiras para acomodar os desejos da cúpula
municipal, Nunes afirmou que o partido já tem duas vagas, sendo o vice a segunda
delas.