Disputa por bebê reborn: advogada e psicóloga explicam situação

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Apego emocional a bebê reborn fez casal entrar em disputa por boneca, diz advogada

Advogada ofereceu ajuda apenas na disputa por perfil da bebê em rede social. Psicóloga explicou que há risco da fixação, quando boneca se torna substituto permanente da realidade impossível.

Advogada diz que foi procurada por “mãe” de bebê reborn

Advogada diz que foi procurada por “mãe” de bebê reborn

A advogada Suzana Ferreira, que viralizou nas redes sociais ao compartilhar um atendimento à “mãe” de bebê reborn para defender o direito à guarda da boneca após o fim de um relacionamento, contou que a cliente afirmou ter constituído uma família, na qual a boneca fazia parte. Com o fim da relação, o ex-companheiro insistiu em conviver com a bebê.

> “Durante o atendimento me foi dito que outra bebê reborn não solucionaria a questão pelo apego emocional que já tinha com a bebê”, segundo a advogada.

A advogada explicou que a mãe arcou com todos os custos da bebê reborn e ainda foi feito um enxoval para a boneca. Por isso, a mulher não achava justo o ex-companheiro não arcar com metade dos custos que tiveram com a bebê reborn e, ainda assim, ficar com ela.

> “Ela achava justo a divisão dos custos, porque a bebê reborn foi muito cara, obviamente”, destacou Suzana.

Ao DE, Suzana afirmou ter recusado o caso, pois “não é possível regulamentar a guarda de uma boneca”. “A mãe ficou bem nervosa e me acusou de ‘intolerância materna’ por eu não ter aceitado o caso em relação à guarda”, disse.

PERFIL EM REDE SOCIAL

A advogada ofereceu ajuda para a cliente apenas na disputa pelo perfil da bebê em uma rede social, o que, segundo ela, é uma causa legítima.

> “A bebê reborn tem um Instagram, que a outra parte também deseja ser administradora, porque o perfil já está rendendo monetização e publicidade. E como ele está crescendo bastante, ela acredita que deveria ser das duas partes”, destacou.

PSICOLOGIA

A psicóloga Geórgia Ferreira Tavares Bueno, que atua nas áreas de psicologia obstétrica, perinatal, parental e do luto gestacional e perinatal, explica que há quem encontre no cuidado com uma boneca reborn uma forma simbólica de elaborar a perda.

> “O gesto de vestir, embalar e nomear pode ser um ensaio para um novo vínculo, ou um espaço de transição entre o luto e a possibilidade de seguir. No entanto, há também o risco da fixação, quando a boneca não representa o simbólico, mas se torna um substituto permanente da realidade impossível. A psicanálise convida à pergunta: esse brincar alivia ou aprisiona?”, ressalta.

LEGISLATIVO

No projeto de lei, que inclui o Dia da Cegonha Reborn, no dia 4 de setembro, no calendário da cidade do Rio de Janeiro, já aprovado e que aguarda a sanção prefeito Eduardo Paes (PSD), há a seguinte justificativa para a proposta, que homenageia artesãs que confeccionam as bonecas reborn:

“O nascimento de um bebê é um momento singular na vida de uma mulher, e não é diferente para as mamães reborn, porém, os seus filhos são enviados por cegonhas, sendo esse o nome conferido às artesãs que customizam bonecas para se parecerem com bebês reais”.

Outro ponto do texto destaca a importância das bonecas reborn para pessoas que perderam um filho. “Tem sido utilizada em diversos países como forma de lembrança de um filho pequeno ou de um bebê que não sobreviveu, e ainda, tem contribuído para transformar os adultos colecionadores em mamães e papais, que passam a adotar essas experiências em suas vidas reais.

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