Documentário emociona fãs ao viajar com Milton Nascimento: diretora revela detalhes da produção

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Documentário é para fãs viajarem com Milton Nascimento, diz diretora

Flavia Moraes falou que o filme também fala sobre fim e sobre como artistas como
Milton não terminam – são carregados pelas novas gerações

O documentário “Milton Bituca Nascimento“, que retrata os bastidores da última
turnê do icônico cantor mineiro, chega aos cinemas nesta quinta-feira (20). O
objetivo, segundo a diretora Flavia Moraes, era que os fãs pudessem ter a
experiência de viajar junto com Milton.

“Em termos de narrativa, a gente tinha uma busca de tentar decifrar esse artista
e entender esse artista enquanto a gente acompanhava ele na viagem”, explicou
Moraes à CNN. “E tudo que acontecia na viagem eram portas laterais para que a
gente explorasse um assunto, um entrevistado, ou alguma coisa que a gente não
havia previsto. Quando você faz um documentário, geralmente você parte de uma
ideia e termina fazendo um filme totalmente diferente. Aqui, acontece isso de
certa forma, mas não tanto – porque o conceito mestre é seguir o Milton, ele
como nosso assunto principal.”

“Não é um documentário factual, cronológico e trazendo informações sobre a vida ou história dele – a ideia era
um documentário mais sensorial que a gente pudesse dar um presente para os fãs
que é a experiência de viajar com o Milton”, continuou. “O filme foi feito na
estrada e no início a ideia era essa. A gente seguia o Milton e levava o filme
para acompanhá-lo na viagem, é um recorte muito claro dessa turnê de despedida.”

Ainda segundo Moraes, o objetivo era mostrar a percepção de Milton Nascimento
como um artista “que define o Brasil, um artista que representa o Brasil
profundo”. “Eu acho que a gente fala muito sobre o fim e a gente questiona o que
é o fim, usando a figura que a gente considera que é um imortal da música
popular brasileira; a gente fala exatamente sobre isso: o que é o fim para
artistas de categoria deste tamanho?”

“Acho que existe essa questão, a questão da discussão do fim da última turnê,
mas muitos outras camadas que são sutis, mas que estão lá. A ideia de retratar o
Milton como retrato do Brasil profundo, de vir buscar na natureza a sua
explicação – se é que ele pode ser explicado”, finalizou.

Já o diretor musical Victor Pozas reforçou que uma das preocupações era a de
apresentar Milton para uma geração que não o conhece tão bem. “Há também uma
preocupação de ver ele cantando no seu auge, não só agora em que ele está mais
idoso”, contou à CNN. “Teve essa preocupação dele aparecer no auge. A seleção se
deu muito por conta da edição. Conforme era necessário se contar as histórias,
aí sim iria escolhendo o que tocaria naquele momento.”

“Lidar com um repertório tão rico e tão vasto, [ter que] deixar centenas de
músicas de fora, foi muito complexo. Foi um privilégio tremendo [fazer o filme],
talvez o maior privilégio que eu já tive na vida”, finalizou Pozas.

A diretora Flavia Moraes reconheceu o filme não apenas como um privilégio: “É
uma responsabilidade enorme, mas antes de uma grande responsabilidade é um
privilégio, porque poder fazer um filme sobre ele, poder retratar o Milton e
poder escolher música, escolher entre a vasta obra dele as músicas que fariam
parte do filme, é um privilégio absoluto”.

“Claro que tem a responsabilidade e essa responsabilidade principalmente no
início do processo chega a ser angustiante. Eu realmente perdi noites de sono
pensando ‘como que eu vou colocar todas as peças desse quebra-cabeça no filme?
Que escolhas fazer?’ Mas o Milton teve muita generosidade, ele deixou a gente
muito a vontade para que essas escolhas fossem artísticas e naturais”, relatou.

Sobre o questionamento se um artista tão grande quanto Milton pode de fato
acabar, o filme tenta responder com a visão da eternidade da arte. “O filme
termina com essa nova geração de novos artistas e compositores, que artista como
Milton não termina – os novos artistas vão carregar o Milton adiante“, disse
Flavia Moraes.

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