Dona de creche pediu para funcionárias mentirem sobre morte de menino
O menino, de 2 anos, morreu após ser esquecido dentro do carro pela dona do
berçário. Mulher era responsável pelo transporte dele
Goiânia – Após a morte de Salomão Faustino, de 2 anos, esquecido dentro do carro
pela dona do berçário
[https://www.metropoles.com/brasil/menino-de-2-anos-morre-apos-ser-esquecido-dentro-de-carro-em-goias]
que frequentava em Nerópolis, na região metropolitana da capital goiana,
funcionárias do local informaram em depoimento que a dona do estabelecimento
pediu para que elas mentissem sobre o falecimento da criança
[https://www.metropoles.com/brasil/dona-de-bercario-diz-que-tentou-reanimar-menino-esquecido-em-carro].
De acordo com elas, a empresária Flaviane Lima se desesperou ao ver o menino,
após ele ficar dentro do veículo por cerca de 4h, e pediu para que as as
mulheres falassem para os socorristas que o garoto “estava dormindo no berçário”
e, quando foram olhar, “Salomão estava roxo”. Porém, as funcionárias se
recusaram a mentir.
O caso aconteceu na terça-feira (18/2) em Nerópolis, na região metropolitana
da capital goiana. Flaviane esqueceu o menino dentro do carro por mais de 4h. A temperatura
registrada no dia foi de 30ºC. A mulher era responsável pelos cuidados com Salomão e também pelo transporte
dele, que foi buscado em casa pela empresária. Ainda no depoimento, a empresária disse que estava focada com o recebimento
de três novos alunos no berçário; por isso, se esqueceu de voltar ao local.
A informação foi confirmada pelo delegado responsável pela investigação, André
Fernandes.
De acordo com Flaviane, após encontrar a criança no carro e levá-la para dentro
da creche, ela tentou reanimá-lo com um atendimento de primeiros socorros e
chegou a jogar água no rosto de Salomão. Em seguida, a mulher acionou o Corpo de
Bombeiros.
Em depoimento, a mulher contou que chegou ao berçário e trabalhou normalmente.
Flaviane revelou que só se deu conta do esquecimento da criança quando foi para
casa mais cedo motivada por uma dor de cabeça. Ao chegar ao veículo, ela notou
que a criança, segundo ela, “dobrou o corpinho na cadeirinha”.
No entanto, a funcionária contou para a polícia que sentiu falta do menino na
sala e que perguntou para Flaviane, por volta das 16h45, por que ele não estava
presente no berçário. Ainda de acordo com o depoimento, a empresária saiu com o
objetivo de ir embora e retornou cinco minutos depois com Salomão no colo, o
qual estava “mole e todo roxo”.
A funcionária relatou que acompanhou a criança na viatura dos bombeiros até o
socorro no hospital e que a dona da creche permaneceu no local, pois “ficou com
medo de encontrar a família de Salomão”. A criança foi levada até o Hospital
Sagrado Coração de Jesus, mas não resistiu.
Em nota, a defesa de Flaviane Lima informou que a empresária “está profundamente
abalada, vivendo o pior momento de sua vida”.
O advogado Giovanni Caldas Vieira Machado escreveu ainda que a mulher tem cursos
em primeiros socorros e que tentou salvar a criança. “Não houve qualquer
intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada”, alegou.
Conforme a Polícia Civil, a dona da creche tentou fugir da cidade, mas foi presa
em Itaberaí, a 80 quilômetros de Nerópolis.
A mulher foi autuada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e
encaminhada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia.