Dona de clínica de reabilitação é presa por manter pacientes internados à força, em Anápolis

Uma mulher foi presa em flagrante em Anápolis pela Polícia Civil (PC) por manter pacientes de uma clínica de reabilitação internados contra a vontade deles. As equipes também identificaram irregularidades administrativas relacionadas ao funcionamento da instituição. A permanência de dependentes químicos nesses estabelecimentos é autorizada por lei apenas se ocorrer voluntariamente.

De acordo com o delegado, Jefferson Silva, denúncias de maus tratos levaram os policiais até o local que foi fechado após apuração de indícios de crimes pela ausência de  alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária.

”Vários estavam internados de forma involuntária, o que é vedado por lei, configurando cárcere privado. A proprietária responderá na modalidade qualificada. Os relatos de maus-tratos pedem mais investigações para esclarecimentos”, disse.

Alguns pacientes relataram que foram sequestrados e levados para o interior da clínica por monitores da clínica Restaurar, localizada na zona rural de Anápolis, na Chácara dos Tucanos. Esses locais podem funcionar somente como comunidades terapêuticas e fazer acolhimento para fins de desintoxicação. Somente unidades de saúde como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) podem fazer internação. Os internos foram acolhidos pela assistência social do Município de Anápolis e encaminhados para suas famílias.

O Código Penal tipifica o cárcere privado como privação da liberdade indevidamente e contra a própria vontade. Nesse crime, a vítima quase não tem como se locomover e fica restrita a um pequeno espaço físico, como um quarto ou um banheiro.

A pena prevista é de um a três anos de reclusão, mas a pena aumenta para dois a cinco anos caso a privação de liberdade seja maior do que 15 dias, crime com finalidade sexual e se as vítimas são pais, filhos, esposo ou convivente do criminoso, pessoa idosa, pessoa indevidamente internada em casa de saúde ou hospital. O aumento de pena é ainda maior, de 2 a 8 anos, caso a vítima sofra dano físico ou moral em razão do confinamento. 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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