Dona de Clínica se passou por médica para entrar em hospital e aplicar coagulante em influenciadora, diz polícia

A empresária Grazielly da Silva Barbosa se identificou como médica para entrar no hospital onde a influencer Aline Maria Ferreira estava internada e aplicou uma injeção de anticoagulante na mulher. A informação foi revelada pela delegada Débora Melo, da Polícia Civil de Goiás, em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 3.

Segundo a investigadora, a dona da clínica Ame-se não teria dormido na noite anterior ao procedimento estético e estava em uma festa regada a bebidas alcoólicas, onde permaneceu até 3h da manhã.

“Ela foi para uma festa, ficou até 2h, 3h da manhã nessa festa, depois foi para casa e continuou em casa com convidados, com o namorado e outras pessoas em contexto de festa”, detalha a delegada.

Ainda segundo Débora, a influenciadora pagou R$ 3 mil pelo procedimento estético que alegava aumentar o bumbum com a utilização de PMMA. A substância foi encontrada no corpo de Aline por meio de exames periciais.

Risco no procedimento

A delegada Débora Melo informou que Grazielly Barbosa declarou à polícia que, embora não quisesse realizar o procedimento, acabou o fazendo. “Na época ela não nos contou [sobre não ter dormido], mas ela sabia de tudo isso e ainda assim assumiu o risco de realizar o procedimento”, explicou a delegada.

Outro ponto destacado pela polícia foi que, apesar de não ter qualificação para o procedimento, Grazielly tinha conhecimento do alto grau de risco da substância, classificada como de risco máximo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”.

Morte de Aline

Moradora de Brasília, Aline saiu da capital brasileira para realizar o procedimento em Goiânia no dia 23 de junho. A influenciadora, inicialmente, parecia bem, apesar de sentir muitas dores nas nádegas. Em depoimento, o marido dela que a aplicação foi rápida e que eles voltaram a Brasília no mesmo dia. No entanto, ao longo dos dias, as dores aumentaram, e Aline começou a apresentar fraqueza e febre.

Mesmo com medicação, os sintomas persistiram, e no dia 26 de junho, ela começou a sentir dores abdominais. No dia seguinte, Aline desmaiou e foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde permaneceu por um dia, pois a unidade não dispunha de UTI. Em seguida, foi transferida para um hospital particular, onde foi entubada e sofreu duas paradas cardíacas. Aline faleceu em 2 de julho, sendo velada e sepultada no dia 4, no cemitério Campo da Esperança do Gama.

Investigação

Ao g1, o marido de Aline contou que o procedimento realizado na clínica durou cerca de 15 minutos. A empresária teria retirado seringas de um armário e preenchendo-as com um produto que estava em sua bolsa pessoal, sem refrigeração, o que foi registrado no depoimento. O procedimento incluiu anestesia e a aplicação de 30ml de PMMA em cada glúteo. Após a aplicação, Aline começou a sentir dores e febre, e seu estado de saúde se deteriorou.

Além disso, o marido de Aline também relatou que Grazielly tentou convencê-lo a não levar a esposa ao hospital. Quando Aline finalmente foi internada, a empresária ainda foi à unidade de saúde para verificar os locais das injeções e aplicar um remédio para evitar trombose.

No dia seguinte a aplicação do remédio, Aline sofreu uma parada cardíaca e acabou falecendo. O marido informou que a esposa apresentou piora e teve os pulmões e o coração comprometido, além dos rins terem parado de funcionar. Ele também relatou que os pés e mãos da influenciadora haviam ficado pretos.

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