Doval: A história do ídolo argentino que marcou o Flamengo antes de sua trágica morte

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A história de Doval, ídolo do Flamengo que morreu depois de um jogo contra o Estudiantes

Atacante tinha 47 anos e foi convidado a chefiar delegação rubro-negra em La Plata

“Quem foi?”: Doval, argentino de nascimento, mas carioca por paixão

O DE está na Argentina para enfrentar o Estudiantes, nesta quinta-feira, pelo jogo de volta das quartas de final da Libertadores. Foi após uma partida contra este mesmo adversário, em 1991, que a torcida rubro-negra se despediu de um dos seus ídolos. Narciso Horacio Doval não vestia mais a camisa do Fla, mas continuava ligado ao clube quando seu coração parou de bater em Buenos Aires, aos 47 anos. O ex-atacante tinha sido convidado a chefiar a delegação carioca em La Plata.

Maior artilheiro estrangeiro do Flamengo, o argentino marcou 94 gols em 263 jogos com a camisa rubro-negra, que vestiu de 1969 a 1975.

A Procuradoria do STJD entra com recurso para aumentar pena de Bruno Henrique no dia 13 de outubro de 1991, o jornal “O Globo” noticiava a morte de Doval, quatro dias depois de o Flamengo vencer o Estudiantes por 2 a 0, com gols de Zinho e Gaúcho, pela extinta Supercopa Libertadores. O ex-jogador havia sofrido uma parada cardíaca na manhã do dia 12, na saída de uma boate em Buenos Aires.

Na última quarta-feira, em Buenos Aires, ele visitou a delegação no hotel, horas antes de o time enfrentar o Estudiantes, pela Supercopa. Estava feliz e incentivou os jogadores a não se intimidarem com a torcida. À noite, radiante, comemorou com champanha a vitória por 2 a 0. Foi uma despedida: aos 47 anos, Doval morreu de parada cardíaca, ontem às 8 horas, ao sair da discoteca New York City, em Buenos Aires, noticiou o jornal.

Os jogadores do Flamengo só saíram de Buenos Aires na madrugada do dia 12 de outubro. Voltaram ao Rio com a triste notícia da partida de Doval, que tinha encontrado a delegação rubro-negra horas antes do jogo, no hotel. Aos 37 anos, Júnior, outro ídolo da Nação, foi titular naquela partida. Anos antes, ele havia jogado com o argentino, no seu início como profissional.

Doval morreu após um jogo entre Flamengo e Estudiantes — Foto: O Globo

Júnior subiu ao time profissional do Flamengo em 1974 e conviveu com Doval por duas temporadas. O “Gringo” tinha chegado ao clube rubro-negro anos antes, em 1969. Alinhou técnica e raça e caiu rapidamente nas graças da torcida.

Ele já era ídolo do clube na época. Era um cara que, principalmente com os mais jovens, aqueles que estavam subindo do juvenil, sempre tinha atenção, dava conselhos. Todas aquelas coisas do cara mais velho, porque ele tinha dez anos a mais que eu. Ele, o Liminha, o Zé Mário, esses caras foram importantíssimos para nós. A minha geração toda, com o Zico, com todo esse pessoal, Cantarelli, Rondinelli, todo mundo que subiu junto, todos nós tivemos esses caras como irmãos mais velhos nossos dando conselhos, sempre orientando destacou Júnior.

Doval chegou ao Flamengo com 21 anos, trazido pelo técnico Tim, que tinha treinado o atacante no San Lorenzo. Conhecido por sua habilidade, velocidade e carisma, Doval ganhou apelidos como “Gringo”, “El Loco” e “Diabo Loiro”. Ele se adaptou rapidamente ao estilo de jogo rubro-negro e à cultura do Rio de Janeiro, sendo conhecido como o “argentino carioca”.

No Campeonato Carioca de 1972, destacou-se como artilheiro com 16 gols, incluindo um na vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense na final, quebrando o jejum do Flamengo de sete anos sem títulos estaduais. O Carioca de 1974 foi outro ponto alto da carreira de Doval, quando ele, ao lado de Zico, conquistou o título contra o Vasco, com uma vitória por 2 a 1 no Maracanã.

Eu digo que foi o maior centroavante com quem eu joguei na época do Flamengo. Com todo respeito a todos os outros que ganharam, conquistaram… Mas o estilo de jogo do “Gringo” era realmente acima da média ressaltou Júnior.

Doval, o argentino que virou carioca ao jogar pelo Flamengo nos anos 70

Doval mudou de lado no Rio em 1976. Em uma troca, o Flamengo enviou o argentino, o goleiro Renato e o lateral Rodrigues Neto ao Fluminense, que cedeu o goleiro Roberto, o lateral Toninho e o ponta Zé Roberto. Naquele mesmo ano, deu ao Flu o título carioca ao marcar o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, na prorrogação – foi o artilheiro da competição, com 20 gols.

Na época em que ele saiu, que teve o troca-troca, que ele foi para o Fluminense, para a gente foi um choque ter que jogar contra ele. Fomos campeões do Carioca juntos em 1974. Ter que jogar contra o “Gringo” era um negócio meio estranho. A gente já conhecia ele, sabia que na hora da dividida não podia tirar o pé. Tinha que meter o pé mesmo, porque ele era um cara que amedrontava os zagueiros. Então essa era uma regra que a gente sabia. Se dividiu com o “Gringo”, bota o pé mesmo porque ele vai botar. Ele era um cara que tinha o jogo muito viril para o centroavante disse Júnior.

A ida de Doval para o Tricolor inspirou a música “Troca-Troca”, de Jorge Ben Jor, que era amigo do atacante argentino.

Doval mudou de lado no Rio em 1976. Em uma troca, o Flamengo enviou o argentino, o goleiro Renato e o lateral Rodrigues Neto ao Fluminense, que cedeu o goleiro Roberto, o lateral Toninho e o ponta Zé Roberto. Naquele mesmo ano, deu ao Flu o título carioca ao marcar o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, na prorrogação – foi o artilheiro da competição, com 20 gols.

Na época em que ele saiu, que teve o troca-troca, que ele foi para o Fluminense, para a gente foi um choque ter que jogar contra ele. Fomos campeões do Carioca juntos em 1974. Ter que jogar contra o “Gringo” era um negócio meio estranho. A gente já conhecia ele, sabia que na hora da dividida não podia tirar o pé. Tinha que meter o pé mesmo, porque ele era um cara que amedrontava os zagueiros. Então essa era uma regra que a gente sabia. Se dividiu com o “Gringo”, bota o pé mesmo porque ele vai botar. Ele era um cara que tinha o jogo muito viril para o centroavante disse Júnior.

A relação com o Flamengo permaneceu forte mesmo após a transferência para o Fluminense. Doval ficou no Tricolor até 1979, quando voltou à Argentina. Mas vivia no Brasil, frequentava muito a Gávea e continuava declarando seu amor ao Rubro-Negro, clube em que o atacante se imortalizou. Seu nome permanece no hall de grandes ídolos do Fla. No dia anterior à sua morte, havia ressaltado sua paixão pelo time, na visita ao elenco em Buenos Aires. Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer.

Títulos de Doval pelo Flamengo:
– Campeonato Carioca (1972 e 1974)
– Taça Guanabara (1970, 1972 e 1973)
– 3º turno do Campeonato Carioca (1974)
– Torneio Internacional de Verão (1970)
– Torneio do Povo (1972)
– Torneio Quadrangular de Goiás (1975)
– Torneio Quadrangular de Jundiaí (1975)

A relação do “Gringo” com o Rio de Janeiro fez com que continuasse declarando seu amor ao Flamengo, mesmo após a mudança para o Fluminense. Doval, que se naturalizou brasileiro em 1976, recusou propostas de clubes europeus por conta de sua paixão pela cidade. O argentino se tornou um ídolo eterno dos torcedores rubro-negros, mantendo seu coração sempre ligado ao Mengão. Uma verdadeira lenda do futebol.

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