“Drift”: shopping nega envolvimento com evento; SMM apura responsabilidade

Imagens de vídeos gravados mostram manobras perigosas e em alta velocidade. (Reprodução/redes sociais).

A direção do Shopping Plaza D’oro alega não ter autonomia para aprovar eventos em vias públicas e atribuiu à Expo Auto a responsabilidade pela realização das manobras perigosas e em alta velocidade em um evento de “drift”.  Vídeos em circulação na internet mostram veículos em rotatória girando os carros com pedestres muito perto na Avenida Milão, no Setor Eldorado, em Goiânia, na noite desta quinta-feira, 08.

“Em face de informações recentemente divulgadas a cerca de autorizações do Plaza D’oro Shopping, para gravação de uma abertura de um clipe em vias públicas, o Plaza D’oro Plaza D’oro vem a público esclarecer que não tem autonomia para qualquer aprovação para eventos em vias públicas, evento este organizado e realizado com total responsabilidade do @expo.auto.go”, diz a nota.

Devido a repercussão das imagens que flagraram os carros em direção perigosa que assustou moradores da região, a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) de Goiânia anunciou que irá apurar o caso. O órgão alega que o evento tinha permissão para acontecer apenas dentro do estacionamento do shopping e não em via pública.

Por sua vez, a organização do evento disse que obteve todas as autorizações necessárias para realizar o encontro.  O objetivo seria a gravação de um clip de divulgação para um próximo evento da Expo Auto, previsto para o dia 18. Segundo o relato, uma viatura da PM e da própria SMM acompanhou o encontro.

O perfil oficial da Expo Auto Go publicou imagens pouco antes das manobras. Eles se surpreenderam com a participação do público. Mais cedo, um dos organizadores disse que os participantes veriam algo inédito durante o encontro.

Manobras como derrapagem, frenagem brusca, deslizamento, arrastamento de pneu e arrancada brusca são consideradas manobras perigosas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Esse tipo de direção em via pública é considerada infração gravíssima. A pena é de multa, suspensão do direito de dirigir, recolhimento do documento de habilitação, apreensão do veículo e remoção do veículo.

 

Assista ao vídeo:

“Fora de controle”

O diretor de Fiscalização de Trânsito da SMM, Horácio Ferreira, explica que qualquer cidadão ou mesmo empresa pode solicitar o fechamento de uma via para evento, ficando responsável pelo bloqueio das ruas e segurança do local.  Neste caso, frisa, a autorização foi concedida apenas para a gravação do vídeo de divulgação para anunciar um evento maior.

“Trouxemos uma equipe para o evento, para verificar se todos os fechamentos da via, que é de responsabilidade do solicitante, foram feitos de forma correta e não estava. Além disso, o que nós percebemos é que fugiu do controle dos organizadores e os motoristas começaram a fazer ‘drift’ na rotatória, algo que não estava no ofício para a autorização”, relata o diretor.

Horário relata que, ao ter ciência do que estava havendo, fez um novo contato com os organizadores. “Já tinham encerrado o evento em função da aglomeração que eles não estavam prevendo”. O diretor afirmou que medidas cabíveis podem vir a ser tomadas, caso a organização peça nova autorização para um evento semelhante.

“O grupo solicitou o fechamento da via para um outro fim. Diante desta situação, caso ocorra mais uma solicitação, ela já vai ser analisada de forma diferente. A SMM vai chamar os organizadores tentar entrar em contato com eles para entender melhor e verificar se há ou não a viabilidade de dar o apoio. Caso contrário, o evento ele será negado”, afirmou Horário.

 

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Jovem baleada por agentes da PRF continua em estado grave no hospital

A jovem Juliana Leite Rangel, 26 anos, permanece em estado grave, no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN),em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela foi internada na unidade, às 21h12, de terça-feira, 24, após ser atingida por um tiro de fuzil na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Rodovia Washington Luís (BR-040), também naquele município.

Por meio da Secretaria Municipal de Saúde e da direção do HMAPN, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que a jovem foi levada para a unidade pela PRF. “A direção do HMAPN informa que a paciente, atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, segue internada no CTI, hemodinamicamente instável, entubada e acompanhada por equipe multidisciplinar. A paciente mantém o quadro gravíssimo”, informou em nota divulgada no início da manhã desta quinta-feira, 26.

Em entrevista ontem no Hospital, a médica intensivista do Adão Pereira Nunes, Juliana Paitach, disse que mesmo em estado grave, Juliana Leite Rangel, tem reagido positivamente aos medicamentos que vem recebendo. “Do que ela chegou para agora não teve piora. Ela se manteve em um grau de gravidade que estabilizou com as drogas que estão entrando com a medicação e não teve piora, ou seja, a pressão se manteve com a medicação que está entrando. É uma paciente jovem, que foi atendida com rapidez e muita eficiência, que tem tudo para evoluir com positividade, mas não tem como a gente saber”, afirmou.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou Procedimento Investigatório Criminal, assinado pelo procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, considerando que, conforme a Constituição de 1988 definiu, o órgão tem a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

No texto, o procurador apontou que a jovem de 26 anos seguia de carro na companhia de familiares para comemorar o Natal e sofreu gravíssimos ferimentos. Benones destacou que ela não foi a única vítima, uma vez que o pai  dela, Alexandre, também foi baleado.

O procurador determinou que, considerando a necessidade de efetuar diligências, “visando a colheita de informações, documentos e outros elementos aptos a direcionar e definir a linha de atuação deste órgão ministerial no caso aqui apresentado”, a Superintendência da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, dê informações sobre as providências adotadas. Requisitou ainda à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, também no Rio, a identificação dos policiais rodoviários federais envolvidos na ocorrência e a identificação dos autores dos disparos.

O procurador requereu também o imediato afastamento das funções de policiamento dos policiais envolvidos no caso, além do recolhimento dos veículos “com total preservação de seu estado, conforme verificado após a ocorrência”.

Benones determinou ainda o recolhimento e acautelamento das armas, de qualquer calibre ou alcance, que estavam em poder dos policiais envolvidos, “independentemente de terem sido utilizadas ou não, para realização de perícia”.

Para o HMAPN, o procurador pediu a expedição de um ofício para que o diretor da unidade informe ao MPF o estado de saúde das vítimas, independente de boletins médicos, bem como para o envio, de imediato, dos respectivos Boletins de Atendimento Médico de Juliana e de Alexandre.

Ainda no texto, o procurador determinou à Polícia do Ministério Público Federal que se dirija ao Hospital Adão Pereira Nunes, para apurar o estado de saúde da vítima, com declaração médica, a identidade dos integrantes da equipe médica que prestou os primeiros socorros, bem como da equipe responsável pelo acompanhamento do tratamento”.

Inquérito

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a ocorrência da noite desta terça-feira, 24, que envolve policiais rodoviários federais. De acordo com a PF, as apurações começaram após ser acionada pela PRF.  Uma equipe esteve na Rodovia Washington Luís (BR-040) para realizar as medidas iniciais, como “a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”, contou em nota divulgada ontem.

Também em nota, a Polícia Rodoviária Federal  informou nesta quarta-feira, 25, que, por determinação da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, foi aberto, na manhã de ontem, um procedimento interno para apuração de fatos relacionados aos disparos, na BR-040, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. De acordo com a PRF, “os agentes envolvidos foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais”.

A corporação disse lamentar profundamente o episódio e esclareceu que, por orientação da Direção-Geral, “a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana”.

Quanto às investigações, indicou que colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas apurações do caso.

Ministério da Justiça e Segurança Pública

“A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias”, apontou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em nota divulgada pela pasta.

Lewandowski lamentou o incidente, que na visão dele, “demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país”.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública lamenta o ocorrido e se solidariza com a vítima e seus familiares. Informa ainda que tem empenhado todos os esforços para que as responsabilidades sejam devidamente apuradas”, completou a nota.

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