Droga chega aos esconderijos do HIV em pesquisa

Para tratar o HIV, uma das dificuldades encontradas é acessar os reservatórios do vírus, locais no organismo em que ele “se esconde” e os medicamentos não chegam. Pesquisadores dos Estados Unidos e do Canadá desenvolveram um remédio que se mostrou promissor ao acessar esses abrigos do agente infeccioso. O medicamento experimental, que combina anticorpos de soropositivos e uma molécula sintética, gerou resultados positivos em ratos, com diminuição na carga viral. Os resultados foram detalhados na última edição da revista especializada Cell Host & Microbe.

No processo de ataque ao organismo, o HIV infecta os linfócitos, células de defesa do corpo. Em uma delas, chamada T CD4+, o vírus consegue entrar e permanecer adormecido, e isso impede que seja atingido pelos antirretrovirais disponíveis. “A existência desses santuários virais escondidos explica por que a terapia atual não cura as pessoas com HIV e por que elas devem permanecer em tratamento por toda a vida”, explicam os autores do estudo.

A equipe resolveu explorar o uso de um grupo de pequenas moléculas semelhantes à T CD4+ a fim de vencer esse obstáculo. As moléculas foram projetadas e sintetizadas por um grupo de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, em 2019, e agem como “abridores de lata”. “São elementos sintéticos que conseguem forçar o vírus a se abrir e expor partes vulneráveis presentes nesses reservatórios”, relatam os cientistas.

Mais estudos

A molécula foi combinada a dois anticorpos presentes no sangue de soropositivos, e o novo coquetel, testado em ratos com um sistema imune composto por células humanas. O uso do medicamento rendeu resultados positivos: ele teve acesso aos reservatórios de HIV e diminuiu a carga viral nas cobaias. “Conseguimos ‘abrir’ esses envelopes do patógeno. Nossas moléculas reconheceram o vírus, tiveram tempo de chamar a ‘polícia’ do sistema imunológico, as células de defesa, e de se livrar das células infectadas”, relata, em comunicado, Andrés Finzi, pesquisador do Centro de Pesquisa Hospitalar da Universidade de Montreal e coautor da pesquisa.

“Mostramos que o coquetel não apenas limita a replicação viral, mas também diminui o reservatório do HIV ao destruir as células infectadas”, complementa Priti Kumar, autor principal e professor da Universidade de Yale, nos EUA. Os cientistas adiantam que o novo medicamento precisa ser testado em mais animais, mas acreditam que os resultados obtidos até agora indicam o caminho para uma nova classe de antirretrovirais, com chances de serem mais poderosos que os atuais.

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Saúde em Goiás avança na oferta dos serviços de telemedicina

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), participa do programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), desenvolvido pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.

Atualmente 52 municípios goianos integram o projeto, principalmente aqueles localizados mais distantes da capital, reforçando a regionalização da saúde no estado.

“É extremamente importante esse avanço. Estamos levando para o território do cidadão o acesso à consulta e ao tratamento”, assinala o subsecretário de Políticas e Ações em Saúde da SES-GO, Luciano Carvalho.

Desde 2023 já foram realizadas quase duas mil consultas. Em 2024, até o mês de outubro, mais de 6 mil pessoas conseguiram atendimento por meio da telemedicina em Goiás. Cada teleconsulta tem duração de 30 minutos. Basta uma sala com computador, o médico local e o especialista do Einsten, que monitora e auxilia a consulta.

“Os municípios selecionados pelo Estado foram capacitados no ano passado com equipes formadas por um médico e um enfermeiro. Os resultados do último balanço de atendimentos mostraram que a telemedicina tem sido proveitosa e nos permitem pensar na ampliação”, reforça a assessora técnica da SES-GO, Paula Santos.

Serviços

O acompanhamento remoto acontece nas especialidades de endocrinologia, neurologia, neurologia pediátrica, pneumologia, cardiologia, psiquiatria e reumatologia. O próprio médico e enfermeiro capacitados fazem o agendamento da interconsulta, conforme a organização de cada município.

No município de Goiatuba, localizado na região Sul de Goiás, com cerca de 35 mil habitantes, a telemedicina tem sido uma grande aliada, melhorando o acesso e a qualidade do atendimento à população.

Coordenadora de educação permanente em saúde, Gisele Marques Martins da Costa acompanhou o processo de implantação da telemedicina no município e reconhece a importância do serviço.

“A teleconsulta trouxe uma nova perspectiva na forma como acessamos cuidados de saúde, especialmente em um município onde o acesso a médicos especializados é um desafio”, afirma.

Médica do município, Bruna Rodrigues avalia que a telemedicina é essencial para a população e os médicos da atenção básica.

 “É uma ferramenta para os pacientes que necessitam de atendimento com especialista. Mesmo à distância, os médicos conseguem entregar um atendimento com qualidade”, diz.

O município tem realizado em média de 120 a 150 interconsultas por mês. O programa implantado na cidade em abril tem trazido bons resultados, como relata a enfermeira estagiária da saúde da família Marielly Martins.

“Anteriormente tínhamos muitas dificuldades. Na maioria dos casos, nossos pacientes tinham de ser encaminhados para outros municípios para atendimento em tempo hábil em diversas especialidades. Hoje eles conseguem marcar dentro da data e horário que cada um pode”, reforça ela.

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