“É mérito da campanha de Maguito que ele consiga ser o candidato da continuidade do Iris Rezende”, afirma especialista

Em entrevista ao jornal Diário do Estado, o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás e especialista em política, Robert Bonifácio analisou as Eleições Municipais de 2020, os prefeitos eleitos, o cenário político da capital Goiânia e o número de abstenções e votos brancos/nulos.

Em relação ao quadro de saúde do prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela, o especialista aponta que isso o ajudou ou pelo menos não a atrapalhou durante a campanha. “Mas isso era uma incógnita quando ele ficou doente. Acontece que por méritos de sua equipe e deméritos do seu principal oponente, Vanderlan Cardoso, ele foi eleito prefeito. Mérito da sua equipe porque por meio de fazer campanha na rua na medida do possível, muitas carreatas e trio-elétricos, enquanto o Vanderlan preferiu reuniões com lideranças. Ao mesmo tempo, assim como eu esperava, veio o apoio do Iris ao Maguito, de forma tímida, mas ele falou ‘o Maguito é nosso candidato’. É mérito também da campanha do Maguito que conseguiu de alguma maneira, em alguma intensidade, colar a imagem que o Maguito é o candidato da continuidade do Iris Rezende, o político com maior poder em Goiânia. Quem conseguisse seguir o Iris teria vantagem, tanto que o Vanderlan tentou vender ser o candidato da continuidade, mesmo sendo rival do Iris em 2016.”, explica.

Em relação ao áudio que Vanderlan fala sobre Chico Rodrigues (DEM-RR), que foi flagrado com R$ 33 mil na cueca, o professor analisa que: “o áudio do dinheiro na cueca não perdeu voto, mas não ganhou. Nas pesquisas ele manteve estagnado enquanto o Maguito crescia. Outro ponto é que o apoio do governador, Ronaldo Caiado (DEM), foi muito mal explorado, porque havia explicitamente esse apoio, mas ele só apareceu em programa de televisão apoiando o Vanderlan no final do segundo turno. Ele apareceu em reuniões, mas isso não gera impacto eleitoral. A estratégia foi equivocada. Bater no Maguito foi infeliz, mas obviamente ele cresceu pegando votos de alguns candidatos como Gayer, um candidato de extrema direita, em tese, seus votos foram para o Vanderlan. Mas atacar o Maguito foi muito errado, uma estratégia melhor era questionar o vice, de forma mais qualificada e intensa. Que ele é novo na política e representa um grupo específico de uma igreja evangélica.”, informa.

Em relação o alto número de abstenções, sendo a segunda cidade brasileira com maior número, sendo mais de 36% dos eleitores da capital. “Eu acredito que a pandemia é o principal fator de abstenção no país. Como foi uma tendência nacional, este pode ser o motivo. No caso de Goiânia, é difícil responder cientificamente pois seria necessário pesquisa eleitoral mais ricas. Podemos é estudar como foi realizado o primeiro e o segundo turno. No primeiro turno, apesar de ter 16 candidatos, quem tinha chance era os mesmos, Maguito Vilela, Vanderlan Cardoso, Adriana Accorsi e Elias Vaz, isso pode explicar a abstenção no primeiro turno. Em relação ao segundo turno, além da pandemia, tem o eleitorado da Adriana Accorsi, que teve 15% dos votos, um contingente considerável que faz ganhar ou perder eleição, ninguém procurou apoio do PT, o partido ficou neutro, mesmo a Adriana tendo declarado voto no Maguito. O eleitorado dela não teve apoio em quem votar, tanto que o número de abstenção e nulos foi muito grande. A política goiana é feita por famílias que se mantém no poder por vários anos, então essa pode ser uma explicação”, pontua.

Em relação ao candidato Gustavo Gayer (Democracia Cristã), Robert Bonifácio apresenta ele como o candidato mais bolsonarista na capital. “O Major Araújo se colocava como tal, o Vanderlan, nesse momento da carreira política, possui afinidade com o Bolsonaro. Então os 7% do Gustava Gayer, o lado mais de extrema direita em Goiânia, é uma surpresa, mas uma pequena fatia.” Ele acrescenta sobre o número de abstenções e nulos na capital. “No segundo turno as pessoas ou não foram votar ou não escolheram ninguém. Isso mostra que o eleitorado não está do lado de ninguém e não vai dar apoio ao Maguito. Acho que o Maguito entra bem amparado, sendo sua Coligação para partidos tem 13 vereadores, sendo um terço. Porém ele não entra com uma grande demanda popular, o futuro explicará como ele será apoiado pelo eleitor goianiense”, afirma.

Em relação a fala do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), sobre Daniel Vilela (MDB) ter autoridade, como filho de Maguito Vilela (MDB), prefeito eleito em Goiânia, e líder do partido, de “assumir a chefia da administração municipal, o especialista pontua que quem assume é o vice Rogério Cruz. “Se o Maguito tivesse morrido durante a campanha, haveria uma disputa de interpretações. Há normas que permitem dois caminhos, tanto a terceira colocada Adriana Accorsi entrar na jogada, quanto a coligação do Maguito se reunir e escolher um candidato, provavelmente o Daniel Vilela. Isso poderia acontecer poucos dias antes das eleições e com a foto do Maguito como candidato. Agora, se o Maguito vir a óbito, após os fins das eleições, quem assume é o vice, Rogério Cruz. Porém o papel do Daniel Vilela se fortaleceu na campanha devido a enfermidade de seu pai, não existe melhor procurador do Maguito que seu próprio filho, porém observamos o futuro. Se ele se recuperar vamos ver o seu desenrolar político, porém se não, teremos uma prefeitura do Rogério Cruz”, explica.

Outras cidades de Goiás

Em relação à reeleição do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, ele afirma que ele foi “aclamado prefeito”. “Obviamente devido a sua própria virtude e mandato que possui elevados índices de aprovação, isso gerou um temor de alguns possíveis candidatos a prefeito, como professor Alcides que sempre tenta e acabou se aliando a ele. Mas novamente o governador Ronaldo Caiado foi muito mal nessa negociação, chegou-se às vésperas do fim do registro de candidatura e não havia candidato que se opusesse a Gustavo Mendanha, e no final foi a candidatura do seu vice, sendo candidato oposicionista, obviamente isso não iria para frente, seria um vexame, e a candidata que sobrou foi em judice, então foram muitos acertos do Mendanha e muitos erros dos outros candidatos. Foi a eleição mais fácil que vi”, pontua.

Ele falou também sobre a eleição de Senador Canedo. “O Divino Lemes foi um dos primeiros prefeitos de Senador Canedo, mas o Fernando é aliado a política de Vanderlan que já foi prefeito da cidade. Foi uma eleição que não teve novidade, foi polarizada entre dois candidatos.”, informa.

Em relação a Anápolis, ele pontuou como a mais interessante enquanto a de Goiânia a mais dramática. “A de Anápolis é a mais interessante em termos de movimentação do eleitorado, porque o Gomide começou muito bem, tendo até pessoas que acreditavam que ele levaria no primeiro turno. Ele perdeu muita intenção de voto por prefeito, Roberto Naves, seu principal concorrente, se fosse para outros candidatos, seria mais fácil entender, mas as intenções de votos dele caíram pela metade e foram para o Naves. Ai eu agrego a incapacidade dele de agregar uma chapa mais forte no primeiro turno, a entrada do Bolsonaro nessa campanha influenciou em Anápolis e o embate com o padre do município. A fundação do PT em Anápolis tem relação com a igreja católica, sindicalismo e intelectuais. Isso tirou uma fatia do eleitorado que estava com ele. A gente tem em Anápolis um prefeito mal avaliado, por mais ataque aos adversários que mérito próprio”, explica.

Vereadores

O especialista falou também sobre os vereadores eleitos durante as eleições. “Aqui em Goiânia a gente veio de uma eleição passada que foi recordista de votos de vereador no Brasil, que foi o Cajuru, proporcionalmente falando. Nessa eleição não teve um campeão de votos, o primeiro colocado teve 9 mil votos. Na Câmara, em termo de renovação, precisamos distinguir esse termo, se a gente entende como renovação pessoas que não foram reeleitas, é um número considerável, 605, mas se entendemos como alguém debutando na política, esse número cai. Não tem muita novidade, e mesmo aqueles que disputam na política, já vem velho conhecido no estado, como o sobrinho do Jovair Arantes”, informa.

 

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Vídeo: Circulação de fake news fez Goiás cair índice a cobertura vacinal infantil

Devido às baixas procuras por vacinas, em função da pandemia de Covid-19 e circulação de fake news, Goiás deu início nesta segunda-feira, 8, à Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e de Multivacinação para Atualização da Caderneta de Crianças e Adolescentes. O objetivo é reduzir o risco de transmissão de doenças imunopreveníveis, como a paralisia infantil, sarampo, catapora e caxumba. Este ano, a média da cobertura vacinal em Goiás está pouco acima dos 50%, ou seja, longe do ideal que 95%.

De acordo com a gerente do Plano de Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria de Estado de Goiás, Clarice Carvalho, durante o período crítico da pandemia da Covid-1, no estado, muitos pais deixaram de levar as crianças até uma unidade de saúde para atualizar o cartão de vacinação. O medo, em parte, estava relacionado à doença, porém, a circulação de informações falsas contribuíram com o quadro.

“Muitas pessoas tinham receio de ir até uma unidade de saúde para se vacinar, mesmo estas unidades estando preparadas para acolher as pessoas. Ainda houve um receio, mas devido a circulação de fake news, informações incorretas, informações falsas, abordando a segurança da vacina”, explicou Clarice.

Para esse público, que ficou sem vacinar durante os últimos dois anos, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) vão elaborar um plano para que o esquema vacinal fique completo.

Além disso, de acordo com a gerente do PNI, em Goiás, diversos municípios já atuaram ativamente para buscar as crianças que precisam de algum imunizante.

“Os municípios têm trabalhado sim nesta busca ativa, indo nas casas, principalmente, para vacinar as crianças de acordo com as doses programadas para a sua idade”, explicou Clarice.

*Entrevista completa ao final do texto*

Multivacinação Infantil

A Campanha de Multivacinação está aberta em todos os 246 municípios goianos, com objetivo de sensibilizar pais e responsáveis a levarem as crianças e adolescentes aos postos de saúde para completarem o cartão vacinal.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostram que, nos últimos anos, as coberturas vacinais de todas as vacinas estão bem abaixo de 95%, meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) para garantir a proteção coletiva de toda a população infantil. Este ano, a média da cobertura vacinal em Goiás está pouco acima dos 50%.

Risco

O Brasil já convive com a reintrodução de doenças que já haviam sido erradicadas. Dois anos depois da concessão do Certificado de País Livre do Sarampo, com a circulação do vírus dessa doença e a transmissão por mais de 12 meses consecutivos, o país perdeu essa certificação. De 2019 a 2020, foram 20 casos notificados em Goiás.

Também a difteria, que havia sido controlada, deixando de ser uma preocupação dos gestores de saúde, voltou a apresentar casos isolados. O último caso da doença havia sido notificado em 1998. Neste ano, foi registrado um caso da enfermidade, em Santa Helena de Goiás.

Com o vírus da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, circulando em países da África e diante das baixas coberturas registradas nas crianças brasileiras, existe o risco do retorno dessa doença, prevenida com apenas duas gotinhas da vacina Sabin.

O Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de imunizar 95% do público-alvo vacinado contra a poliomielite, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença.

Sarampo, tétano, difteria, poliomielite, tuberculose, coqueluche, meningites e várias outras doenças são prevenidas com vacinas seguras, testadas e usadas há mais de 30 anos com sucesso no Brasil.

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