Após a definição da sentença que condenou quatro dos cinco réus sob acusação de assassinar o radialista Valério Luiz, o Diário do Estado (DE) conversou com Valério Luiz Filho, que participou do processo e durante dez anos lutou por justiça pelo pai. Segundo o advogado, o veredito do julgamento foi um verdadeiro milagre, que passa uma mensagem de esperança.
A visão de Valério Luiz Filho
Valério Luiz Filho atuou como assistente de acusação no julgamento que teve início na última segunda-feira, 7. O assassinato de Valério Luiz ocorreu em 5 de julho de 2012, mas o julgamento sofreu quatro adiamentos, por diferentes motivos, o último deles neste ano. Então, nesta semana, a sessão prosseguiu até o fim.
“É um milagre, em primeiro lugar. O que aconteceu é algo que eu jamais imaginava que poderia acontecer. A gente venceu uma estrutura de poder do estado inteiro. Vencemos lá atrás uma pessoa que detinha o cartório na mão, milhões e milhões por mês. Tinha à sua disposição o esquadrão mais letal da Polícia Militar. Então, assim, praticamente impossível de ser feito, por isso que demorou dez anos”, aponta Valério Luiz Filho.
Segundo ele, a acusação lutou contra os maiores escritórios de advocacia do estado, conseguindo fazer justiça pelo radialista. Além disso, Valério Luiz Filho ressalta que a definição do julgamento também foi em memória do avô, Mané de Oliveira, que morreu no ano passado.
“Acredito que isso passa uma mensagem de esperança, de que a justiça, por mais difícil que ela seja, se tiver perseverança o suficiente, ela é possível. Muito feliz de poder mandar essa mensagem. Nada vai trazer meu pai de volta, mas é algo que dá um significado digno ao que aconteceu com ele, pelo menos”, concluiu.
Relembre o caso
O jornalista Valério Luiz foi morto a tiros, aos 49 anos, no dia 5 de julho de 2012. Isso aconteceu no momento em que ele saía da Rádio Bandeirantes 820 AM, onde trabalhava, no Setor Serrinha. O inquérito policial encontrou elementos suficientes para colocar os suspeitos de matar o jornalista na posição de indiciados.
Ao todo, o processo teve cinco reús: Maurício Sampaio, acusado de ter encomendado a morte de Valério Luiz; Urbano Carvalho, que trabalhava para Maurício e supostamente contratou o policial que teria executado Valério; Djalma Gomes, PM que, segundo a acusação, trabalhava como segurança de Maurício e recebia favores por isso. Além deles, responderam também o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier, que teria colaborado com o planejamento do crime; e Ademá Figueiredo, PM acusado de fazer os disparos que mataram o jornalista.
O juiz Lourival Machado da Costa presidiu a sessão, que durou três dias, proferindo as seguintes sentenças: 16 anos de reclusão para Maurício Sampaio e Ademá Figueiredo; e 14 anos para Urbano Carvalho e Marcus Vinícius; Djalma Gomes, por sua vez, foi inocentado.
Marcus Vinícius foi o único réu que não esteve presencialmente no julgamento, acompanhando a sessão de forma virtual em Portugal. A Organização Internacional da Polícia Criminal (Interpol) efetuará a prisão. Os advogados de defesa dos quatro condenados vão recorrer da decisão.