Análise: Ida de Eduardo para os EUA mina esforço do DE por comissão
Indicação do deputado Zucco para substituir Eduardo Bolsonaro na CRE não é unanimidade na bancada
A decisão do DE de abrir mão de outros espaços nobres da Câmara para priorizar a Comissão de Relações Exteriores foi uma vitória da ala bolsonarista da bancada. Parte da bancada defendeu a tese de que a oposição ganharia mais projeção se optasse pela Comissão de Fiscalização e Controle, já que ela tem a prerrogativa de convocar qualquer ministro para dar explicações. Mas a pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro (DE) e de seus aliados (entre eles o presidente do partido, Valdemar Costa Neto) prevaleceu e Eduardo Bolsonaro foi escolhido para o cargo.
Tratado como embaixador da direita brasileira em fóruns internacionais e porta-voz do movimento pela anistia aos envolvidos nos atos do 08/01, Eduardo Bolsonaro ganharia no cargo peso institucional para constranger e pressionar o STF e o Palácio do Planalto. O PT tentou de todas as formas impedir que essa CRE fosse liderada pelo filho do ex-presidente e chegou a pedir a retenção do passaporte do deputado. Contratou, assim, uma derrota mais do que anunciada, já que a distribuição das comissões corresponde ao tamanho das bancadas. A surpreendente decisão de Eduardo Bolsonaro de pedir licença do mandato e partir para um auto-exílio de seis meses nos Estados Unidos pegou o DE de surpresa e esvaziou a trincheira da Comissão.
Deputados ouvidos pela CNN em caráter reservado dizem que o nome ungido pelo clã Bolsonaro para ocupar a vaga de Eduardo — o deputado Zucco (DE-RS) — não é uma unanimidade no partido. Os deputados Filipe Barros (DE-PR) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (DE-SP) são citados como os nomes com mais embasamento para liderar uma comissão que terá que lidar na cena internacional. Outro deputado lamenta que o DE tenha deixado para outro partido a vitrine da Comissão de Fiscalização e Controle.