Eduardo Prado: “O Iris não tem uma base consolidada”

Delegado de polícia há 14 anos, Eduardo Prado (PV) começou 2017 com uma nova missão: ser vereador em Goiânia. Em entrevista especial ao Diário do Estado, ele falou sobre as motivações que o levou a ser candidato à Câmara Municipal e quais são suas principais propostas para os quatro anos de mandato, além daqueles que já foram apresentados no início da legislatura. Ele também falou sobre o clima político dentro da Casa e das decisões tomadas pelo prefeito Iris Rezende (PMDB).

Rafael Tomazeti
Ricardo Castro
Sara Queiroz

Diário do Estado – Porque o senhor resolveu entrar para a política e se candidatar a vereador em Goiânia?

Eduardo Prado –
Meu pai (Valdir do Prado) foi vereador em Goiânia. Meu avô foi prefeito de Silvânia e o primeiro presidente da Associação dos Fiscais de Goiás. Já tenho uma vivência política com meu pai desde criança, pois o acompanhava na Câmara Municipal. Eu me formei na UFG, ingressei na carreira de delegado. Sou delegado de classe especial. Fui o delegado mais jovem do Brasil. Em Goiânia, fui para o 22º DP, depois para a Denarc. Lá, batemos os recordes de apreensão de drogas no Brasil. Pegamos grandes traficantes. O trabalho que desenvolvi na Denarc deu muita repercussão e fui convidado para a força-tarefa do serial killer (Thiago Henrique). Na força-tarefa, me destaquei por ser um dos primeiros delegados a afirmar que havia serial killer e ir ao caminho de identificar o Tiago por meio de imagens. Depois fui para a Decon, atuei no combate à máfia dos combustíveis. Meu nome na Decon deu repercussão nacional e fui convidado pelo Iris para ser vice-prefeito dele. Não fui porque o presidente do meu partido não aceitou. Após isso, acertei meu caminho para a Câmara Municipal.

Diário do Estado – Foi possível perceber que ocorreram alguns atritos no início dos trabalhos dos vereadores, como por exemplo, na eleição para presidente da mesa diretora. Como está o clima na Câmara?

Eduardo Prado –
Hoje está mais pacificado, mas a gente observa que há uma parcela grande de vereadores, principalmente da base do Iris, que não está satisfeita com algumas atitudes do prefeito, como nomeações, por exemplo. Na Câmara Municipal, o Iris não tem uma base consolidada. Isso acaba respingando no presidente (Andrey Azeredo).

Diário do Estado – Qual a disposição dos vereadores para conduzir a CEI de investigação das contas de Paulo Garcia e Iris Rezende?

Eduardo Prado
– A gente tem que ter cuidado com as CEI’s. Pela Constituição Federal e pelo Regimento Interno da Câmara, temos que investigar casos específicos. Não se pode fazer uma CEI para analisar casos genéricos. Há um entendimento jurídico nesse sentido. Essa CEI, por exemplo, pode ser questionada na Justiça, com um mandado de segurança, com a alegação de que não há objeto específico na investigação.


Diário do Estado – Qual sua avaliação do primeiro mês da gestão de Iris Rezende?

Eduardo Prado – Estamos vendo a gestão com preocupação. Se há uma dívida grande, quer dizer que a Prefeitura vai demorar um tempo para pegar um ritmo. Principalmente levando em conta as promessas feitas pelo prefeito durante a campanha.


Diário do Estado – O que o senhor pretende fazer na área de direitos do consumidor?

Eduardo Prado – Já visitei tanto o Procon quanto a Decon para fazer parcerias e cobrar uma investigação firme. Estamos fiscalizando os postos. Vou continuar cobrando a questão do cartel de combustíveis de Goiás. Tem uma investigação do Cade sendo realizada e as pessoas cobram isso da gente.


Diário do Estado – Quais projetos de sua autoria que você destacaria?


Eduardo Prado
– Fiz e apresentei um projeto de lei sobre o limite de espera nos cartórios de Goiânia. Propus 30 minutos, o mesmo que se pode esperar nos bancos. Fiz um projeto para isentar entidades que cuidam de crianças e adolescentes da cobrança de IPTU. Entrei com um pedido de um decreto para suspender a cobrança do IPTU do puxadinho porque ao meu ver, isso é totalmente ilegal. Na questão ambiental, vou apoiar o Zander (PEN) no pedido de criação Hospital Municipal Veterinário com recursos das multas ambientais e em parcerias com as universidades. Na Segurança Pública, quero fazer uma ligação do estado com o município. Quero fazer a interligação das câmeras de vigilância do município com o Centro de Comando, Controle e Inteligência do Estado. Assim, ampliaremos a ligação da Guarda Municipal com a Polícia Militar. Também quero fazer um projeto de incentivo fiscal para as empresas que colocarem câmeras de vigilância que se integrem à central da PM.

Diário do Estado – Como a Guarda Municipal pode se tornar mais eficaz?

Eduardo Prado – A Guarda tem que ser ampliada, estruturada e fazer o trabalho de proteger os locais públicos municipais. Começaram a fazer muita ronda, abordagem e esqueceram do patrimônio municipal. Creio que podem fazer o trabalho ostensivo, mas têm que fazer também a vigilância do patrimônio público.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp