Morno e sem grandes momentos, o primeiro debate presidencial na TV das eleições 2018, na Band, evidenciou o tucano Geraldo Alckmin, dono do maior tempo na propaganda eleitoral gratuita na TV, como o alvo preferencial dos adversários. Além de lançar o candidato nanico Cabo Daciolo, do Patriota, ao estrelato nas redes e nos memes por conta de sua participação, o programa também deixou claro os problemas da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e virtualmente impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.
A noite mostrou que Geraldo Alckmin, mesmo à espera da propaganda na TV para tentar decolar nas pesquisas, provoca nos oponentes a percepção de que sua candidatura tem potencial de crescimento e deve ser atacada em nome de um lugar no disputado segundo turno. Alckmin foi duramente questionado, de Henrique Meirelles(MDB) à Marina Silva (REDE) passando por Ciro Gomes – o pedetista, ávido por exposição porque terá pouco a fazer no horário eleitoral, acabou relativamente isolado no debate.
O capitão reformado do Exército foi o tema mais buscado na Internet segundo o Google, que fez uma parceria com a Band para analisar o interesse pelo debate no mundo virtual. No entanto, à medida que o programa se desenrolou, Bolsonaro dividiu os holofotes especialmente com Cabo Daciolo. Os momentos mais esdrúxulos ficaram por conta da estreia de Daciolo em rede nacional, que em alguns momentos fez dobradinha, ao menos temática, com Bolsonaro.
Com exceção de Boulos, todos os candidatos exploraram as citações a Deus flertando com o eleitorado cristão. Violência, desemprego e crise do Estado foram os temas mais recorrentes – aborto e desigualdade de gênero também foram mencionados. Só dois candidatos, Marina e o próprio psolista, acabaram tendo que responder uma pergunta de uma jornalista sobre a questão da interrupção da gravidez. “Esse é um tema complexo, que envolvem questões filosóficas, morais e religiosas. Aborto não pode ser advogado como método contraceptivo, defendemos o planejamento familiar para que as mulheres não precisem recorrer a isso”, disse Marina Silva, que, evangélica, não deu posição direta e disse que o tema deve ser decidido em referendo.