O discurso de Trump na Assembleia Geral da ONU, em que mencionou ter tido uma “química excelente” com Lula, desarticula a estratégia bolsonarista de monopólio de interlocução com a Casa Branca, de acordo com integrantes do Itamaraty e da ala bolsonarista ouvidos pelo blog. Para o bolsonarismo, Trump quebrou a ideia de que apenas a dupla Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro detinha o monopólio da interlocução com os Estados Unidos.

Na ala mais pragmática do bolsonarismo, acredita-se que tanto Lula quanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foram beneficiados pelo elogio de Trump. Tarcísio havia tentado estabelecer uma interlocução com a Casa Branca desde o início do tarifaço, mas havia sido desautorizado por Figueiredo e Eduardo. Os bastidores do Itamaraty consideram a fala de Trump como um “golaço”, destacando que o contato nos bastidores da assembleia já era esperado, dado o protocolo de discursos consecutivos entre os países.

Os governistas acreditam que o comentário de Trump não apenas desarmou o discurso dos bolsonaristas, mas também deixou sem ação aqueles que apoiavam as sanções americanas como uma forma de agradar as lideranças bolsonaristas. Lembram ainda do encontro entre Trump e Bolsonaro, em que o presidente americano declarou: “Trump, I love you”. A menção de Trump a Lula e a expectativa de um encontro na próxima semana têm sido destaque na imprensa internacional.

Em meio a essas análises, a figura de Lula aparece como um elemento que pode romper com a estratégia de exclusividade de interlocução com os Estados Unidos adotada pela gestão Bolsonaro. Ainda assim, a reação ao elogio de Trump e a possibilidade de uma futura reunião entre os dois líderes geram incertezas e reflexões dentro do cenário político brasileiro. A interação de Trump com diferentes atores políticos no Brasil revela nuances complexas das relações diplomáticas entre os países, ressaltando a importância da diplomacia em um contexto internacional volátil e imprevisível.