Em 2023, apreensão de bebidas em rodovias goianas já é 70% das registrada no ano anterior

bebidas

Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que ao mercado ilegal de bebidas alcoólicas está em ascensão em Goiás. A instituição já registrou neste ano 69,1% do total de apreensões desse tipo de produto no ano passado. A fiscalização nas estradas recolheu 310 litros somente em 2013.

 

Os produtos não são ilegais, por isso o crime cometido é o de descaminho. O Código Penal tipifica a infração como de ordem tributária. O objetivo das pessoas que cometem essa ilegalidade é não pagar impostos de consumo ou de entrada ou saída do País do produto. Diferente do contrabando, não envolve mercadorias ilícitas. 

 

Uma das bebidas preferidas dos criminosos são os vinhos, especialmente os mais caros. De acordo com a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), as ocorrências de repressão ao mercado ilegal aumentaram 171,43% entre 2018 e 2021 em todo o Brasil. O destino costuma ser restaurantes de luxo. Outro problema é que  o conteúdo e rótulos das garrafas podem ser falsificados. 

 

Investigações da Receita Federal já apontaram que o descaminho de bebidas é a ponta do iceberg para uma série de outros crimes, como assassinatos, associação criminosa, latrocínio, roubos e furto. A legislação limita a entrada de produtos permitidos no Brasil sem pagamento de imposto. Quando ultrapassado, configura o descaminho.  No caso de bebida alcoólica o teto é de  12 litros, no máximo. 

 

Repressão

 

Em janeiro do ano passado, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação para desarticular uma organização criminosa que atuava em um grande esquema de descaminho que ocorria na fronteira entre Brasil e Paraguai e passava por rodovias do Paraná, São Paulo, Minas Gerais até  Goiás.  O grupo chegou a movimentar mais de R$ 2 milhões.

 

As investigações da PF iniciaram em junho de 2021, após a prisão de quatro pessoas em uma rodovia na região de Jales, em São Paulo. Na ocasião, eles transportavam grande quantidade de bebidas alcóolicas provenientes do Paraguai, com destino a Goiás, desacompanhadas da documentação de importação legal das mercadorias. 

 

O líder do grupo, que reside na cidade goiana de Caldas Novas, possui empresas no ramo de bebidas de alto valor comercial, que eram vendidas a clientes com alto poder aquisitivo, mediante encomendas. A pena máxima é de até doze anos de reclusão. 

 

Na lista de apreensões feitas por agentes da PRF há ainda cigarros, cosméticos, produtos eletrônicos, equipamentos de informática, pneus, roupas e alimentos.

Lista de apreensões da PRF em Goiás

Produto apreendido 2020 2021 2022 2023
Bebida (litros) 474,46 240 448 310
Cigarro (maços) 200 57.700 39.200
Cosmético (unidade) 1.055 1.782 13.931 85
Eletrônico (unidade) 15 242 193
Equipamento de Informática (unidade) 1.662 374 802
Medicamento (unidade) 81 1
Pneu (unidade) 12 156 1.626 22
Vestuário  (unidade) 1.740 99 1.136 118
Alimento (kg) 4

Fonte: PRF

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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