Em depoimento, autor de chacina em Sinop fica em silêncio

Em depoimento à Polícia Civil (PC), o autor confesso da chacina em Sinop (MT), Edgar Ricardo de Oliveira, 30 anos, ficou em silêncio no primeiro depoimento, prestado nesta quinta-feira, 23, na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da cidade. Segundo informações da corporação, o homem tinha mandado de prisão temporária de 30 dias em aberto e se apresentou nesta manhã. Ele deve passar por audiência de custódia ainda nesta quinta.

O crime ocorreu na última terça, 21, quando Edgar e o comparsa, Ezequias Souza Ribeiro, que morreu nessa quarta, 22, em confronto com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), mataram sete pessoas no Bruno Snooker Bar, localizado no bairro Jardim Lisboa, em Sinop, após perderem R$ 4 mil durante jogos de sinuca. Entre as vítimas está uma menina de apenas 12 anos.
O autor confesso se entregou à PC no Jardim Califórnia, onde estava escondido. Agora ele será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para se submeter aos exames de corpo e delito e, posteriormente, será encaminhado ao Presídio Osvaldo Florentino Leite Ferreira.

Antes de tomar o depoimento de Edgar, o delegado titular da DHPP, Bráulio Junqueira, afirmou que o suspeito exigiu a presença da imprensa e de advogados para se entregar à polícia. Hoje, pela manhã, a PC foi até o local indicado por ele onde foi feita a prisão dele.

O delegado afirmou que, informalmente, ele confessou o crime. “Não tem como negar. Ele também apresentou a versão dele informalmente, em off, pra gente. Vai responder por sete homicídios, todos qualificados”. Ainda de manhã, o advogado de Edgar, Marcos Vinícius Borges, afirmou que o cliente está arrependido.

Histórico dos autores da chacina

A Polícia Civil informou que os autores da chacina têm diversas passagens pela polícia. Conforme o delegado Bráulio Junqueira, responsável pelas investigações, Ezequias por porte de arma ilegal, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça, além de possuir um mandado de prisão em aberto. Já Edgar tem registro por violência doméstica.

Segundo o delegado Bráulio Junqueira, responsável pelas investigações, testemunhas disseram em depoimento que o clima no bar estava tranquilo antes do crime. “Em momento algum, houve discussão ou desentendimento. Aparentemente, estava tudo normal”, disse o delegado.

A caminhonete e a espingarda usada pelos autores foram apreendidas na manhã desta quarta, em um terreno no bairro Vila Verde. De acordo com a investigação, o imóvel tem ligação com um dos suspeitos.

Edgar tem registro como Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador (CAC) e chegou a frequentar um clube de tiro de Sinop, mas foi desfiliado por faltas, de acordo com a Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT). Anteriormente, a polícia havia informado que ele frequentava um estabelecimento de Sorriso, também no norte do Estado.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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