Em dois meses, 23 espécies de mamíferos são identificadas entre Rio Quente e Água Limpa

Acervo científico do 'Bandeiras do Corredor

Em pouco mais de dois meses de trabalho, o projeto “Bandeiras no Corredor” identificou, por meio de armadilhas fotográficas, 23 espécies de mamíferos na área de abrangência do estudo (que inclui os parques estaduais da Serra de Caldas Novas e da Mata Atlântica, além da zona rural entre eles). O objetivo é o de monitorar espécies locais e traçar estimativas populacionais de algumas delas, como o tamanduá-bandeira.

A iniciativa nasceu de uma parceria entre Governo de Goiás, Universidade Federal de Goiás (UFG), Aliança da Terra (AT) e Funbio. Consiste na instalação e no uso de mais de 75 equipamentos de filmagem.

“Conseguimos capturar espécies emblemáticas do Cerrado e da Mata Atlântica”, diz a coordenadora do projeto e pesquisadora da UFG, Alessandra Bertassoni. Segundo ela, entre os diversos registros dos animais que utilizam as paisagens do estudo, foram capturadas imagens de espécies como tatu-canastra, onça-parda, lobo-guará, jaguatirica, mão-pelada, irara, veado campeiro, ouriço e gato mourisco. “Conseguimos, também, nos aproximar dos proprietários de terras da região para termos mais engajamento e garantir a evolução do trabalho”, diz Bertassoni.

A ação cobre um território de quase 60 mil hectares, e a primeira etapa do levantamento será realizada até fevereiro de 2024, mês em que será produzido o primeiro relatório de estimativa populacional de tamanduás-bandeiras da região. “As imagens estão deixando claro que será possível realizar a meta de estimar a população da espécie. Além disso, conseguimos entender melhor sobre como a vegetação e o tipo de uso do solo influencia na presença desses animais”, acrescenta a coordenadora da iniciativa.

A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, afirma que o projeto servirá de subsídio para o desenvolvimento de políticas de preservação mais eficientes. “Com o estudo, será possível avaliar como os animais se relacionam com ‘cicatrizes’ do fogo, ou seja: como eles vivem e se reproduzem em ambientes onde já houve queimadas”.

Bandeiras no Corredor

O estudo será realizado em cinco municípios do Estado de Goiás (Caldas Novas, Rio Quente, Marzagão, Água Limpa e Corumbaíba), está orçado na primeira fase em R$ 250 mil, terá o envolvimento direto de seis pessoas e o indireto de mais 30. A iniciativa é feita em parceria com a Universidade Federal de Goiás, com as organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips) Aliança da Terra e Fundo Nacional da Biodiversidade. Todo recurso vem de investimentos estrangeiros, por meio de programas de auxílio à gestão de áreas protegidas.

A coordenação fica a cargo da doutora Alessandra Bertassoni e do doutor Paulo De Marco Júnior, ambos da UFG; os pesquisadores associados diretos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) são Maurício Tambellini e Paula Tambellini; os pesquisadores associados da UFG são o doutorando Filipe Guimarães Lima e estudantes voluntários; e os da Aliança da Terra são a doutora Caroline Corrêa Nóbrega, analistas e brigadistas.

A bióloga Alessandra Bertassoni disse à época do lançamento do projeto que essa é uma ação pioneira no monitoramento da fauna silvestre, já que a área de estudo é muito extensa e que o grupo utiliza um método sistemático de coleta de dados. “Temos expectativas de conhecer quais são as espécies de mamíferos mais comuns e as mais raras que habitam a região. Com esses dados poderemos verificar quais são as paisagens (urbano, rural, cerrado, mata de galeria, área queimada, etc) que favorecem a presença de determinadas espécies e, então, traçar planos de conservação baseados em evidência científica”.

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