Em Goiânia, acidentes com vítimas fatais têm aumento de 27%

O trânsito na capital goiana continua bastante violento. Neste ano, as estatísticas apontam 67 mortes nas ruas de Goiânia. O número corresponde a 27,3% do total registrado em 2022, quando houve 245 óbitos. O excesso de velocidade é uma das principais causas de acidentes. A tendência é registrada na maioria das cidades brasileiras. A tragédia na avenida T-63, que resultou no falecimento de duas pessoas, é o caso recente mais emblemático.

 

O motociclista por aplicativo Leandro Pires e o garupa, David Galvão, morreram na hora e uma outra condutora de moto se feriu ao terem o veículo alcançado por um carro de luxo em alta velocidade na T-63, em 20 de abril. O acidente causou revolta entre a família e trabalhadores de entregas por aplicativos. A categoria realizou uma manifestação dias após a ocorrência para reclamar da imprudência no trânsito. 

 

Segundo o delegado responsável pela investigação do caso, o motorista do carro que colidiu com a moto admitiu ter subido o elevado da avenida  em alta velocidade. O médico Rubens Filho estava com a esposa no veículo. O autor alega que foi “fechado” por um outro carro e fez uma manobra de desvio, por isso teria invadido a contramão da pista. Nesse momento, ele afirma ter confundido os pedais do veículo. 

 

A direção combinada com álcool surge como segundo motivo de tragédias no trânsito. O hábito cultural motiva blitzes e tem punição prevista na legislação, mas casos de repercussão são frequentes. Há um ano, um racha na avenida T-9 matou dois jovens, sendo um de 156 e outro de 20 anos de idade. Eles estavam em dois carros com amigos e disputaram corrida após terem passado a noite consumindo bebida alcoólica em uma boate de Goiânia, de acordo com a Polícia Civil. 

 

Acidentes com mortes em Goiânia

2023*: 67

2022: 245

* entre o dia 1º de janeiro e 5 de maio

Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) 

Sobrevivência

 

Um outro viés do assunto envolve o desemprego e a pandemia. A quantidade de pessoas trabalhando com motos teve alta nesse período. As entregas se tornaram um serviço mais popular e ajudaram a impulsionar o registro de acidentes. A categoria se torna mais frágil nesse contexto devido à exposição corporal em caso de colisões e à falta de amparo legal, considerando que muitos não contribuem com a Previdência Social. Somente 23% deles contribuem ao INSS, de acordo com informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contexto

Para o conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (CREA), Ricardo Ferreira, outro ponto a ser levado em consideração é que a infraestrutura da capital não comporta tantos veículos nas vias. Ele diz ainda que é necessário investir em planejamento. Uma alternativa para diminuir o número de acidentes e, consequentemente, melhorar o trânsito, seria investir no transporte público, a fim de que o motorista deixe o carro em casa para pegar o ônibus. 

“Goiânia, por exemplo, tem alguns problemas crônicos. A gente ainda não conseguiu afastar o tráfego pesado da BR-153 do centro urbano, assim como na Perimetral Norte. A BR-153 é a via com o maior número de acidentes na capital. Isso é um reflexo desta infraestrutura equivocada”, afirmou em entrevista ao Diário do Estado no ano passado.

 

Alerta

 

Uma campanha nacional neste mês visa conscientizar a sociedade para se atentar a cuidados que podem salvar vidas. O Maio Amarelo chama atenção para a necessidade de atenção às placas de trânsito, evitar o uso de celular ao dirigir, manter atualizada a revisão do veículo e não beber antes de assumir o volante.

 

Metade dos acidentes com motos no Brasil resultam em ferimentos graves e 25% em óbito, segundo a  Associação Brasileira de Motociclistas (Abram). De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1,25 milhão de pessoas morrem anualmente no mundo em acidentes de trânsito, sendo que a metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas.

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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