Em Goiânia, Auxílio-Brasil de R$ 600 não compra uma cesta básica

Sobreviver tem sido um desafio diário para milhares de brasileiros. Em Goiânia, a luta de muitas pessoas tem sido se alimentar. O Auxílio-Brasil representa um alívio, mas não garante comida na mesa todos os dias. O valor de R$ 600 está abaixo do preço médio cobrado por uma cesta básica na capital goiana, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). 

A instituição fez uma pesquisa nacional e revelou que são necessários R$ 660,83 para garantir um conjunto formado por produtos utilizados por uma família durante um mês. São dezenas de itens não perecíveis, sendo 13 considerados essenciais:  manteiga, óleo, açúcar, banana, café, pão, tomate, batata, farinha, arroz, feijão, carne e leite. 

O economista Luiz Carlos Ongaratto lembra que no mundo das finanças há a regra dos 50,30,20. Os números se referem às porcentagens a serem aplicadas nas despesas. Ele explica que a realidade não permite a destinação do dinheiro para os beneficiários do Auxílio-Brasil por se tratar de uma transferência de renda em um montante baixo.

“O ideal seria 50% voltado para moradia, alimentação e transporte, 30% para questões de estilo de vida, como academia,restaurante e lazer e 20% para poupar. O auxílio é emergencial, por isso, a recomendação é custar a alimentação e contas de energia e água, o básico mesmo. Criar despesas não é interessante, como comprar ou trocar celular, por exemplo”, orienta.

No Brasil são 710 mil famílias beneficiadas, conforme dados do Ministério da Cidadania referentes a setembro deste ano. O levantamento do Dieese avaliou a cesta básica em 17 capitais. O valor ficou igual ou abaixo de R$ 600 em cinco delas: Recife, Natal, Salvador, João Pessoa e Aracaju.

O Auxilio-Brasil começou a ser pago em agosto deste ano e seguirá até dezembro. O Centro-Oeste é a região com menor número de famílias beneficiárias do programa de transferência de renda. Tem direito a receber famílias com renda per capita mensal de até R$ 105 ou entre R$ 105,01 e R$ 210 que já eram beneficiárias do Bolsa Família, que têm o CadÚnico, mas não recebiam o Bolsa Família.

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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