Em Goiânia, os preços dos alimentos aumentaram 57,2% desde o início da pandemia. O Procon Goiás pesquisou os valores e fez a comparação entre março de 2020 e o mesmo mês de 2022. Na Capital, quem recebe um salário mínimo gasta mais da metade (55,3%) da renda para comprar produtos da cesta básica (cerca de R$ 670), suficientes para apenas uma pessoa.
Mônica Pereira recebe um salário mínimo (R$ 1.212), de onde tira o sustento dela mesma e de seus dois filhos: Gael, de nove meses de idade, e Ana Luiza, de oito anos. “As verduras e frutas estão muito caras. Ontem, fui ao supermercado e o quilo do tomate estava R$ 7. O óleo de soja também subiu e está neste mesmo valor. Não tem muito o que fazer, a gente precisa comer. Estou comprando só o básico”, comenta.
Segundo o Procon, o óleo e o tomate, citados por Mônica, aumentaram 146% e 118%, respectivamente. Enquanto isso, o ritmo de crescimento do salário segue mais lento que a aceleração dos preços.
“De março de 2020 até agora, o salário mínimo aumentou 15,98%, mas os preços subiram 57%. Ou seja, para os consumidores, principalmente os mais pobres, houve um impacto muito grande. E esse número leva em conta a sobrevivência de apenas uma pessoa adulta. Imagine as casas onde têm famílias e em que só uma pessoa trabalha fora de casa? Podemos dizer que sobrevivem por um milagre mesmo”, comenta o gerente de pesquisa e cálculos do Procon Goiás, Gleidson Tomaz.
A pesquisa do Procon comparou os preços de 2020 e 2022 levando em conta os mesmos produtos, das mesmas marcas e pesos. Foram pesquisados os valores de 13 tipos de alimentos em 15 estabelecimentos. Além do óleo de soja e tomate, se destacaram também aumentos do pó de café, que ficou 144% mais caro, açúcar (99%), batata inglesa (80,3%) e a margarina (78%).
Dicas para comprar a cesta básica
Segundo o gerente de pesquisa e cálculos do Procon Goiás, não foram encontrados preços abusivos, uma vez que os valores da cesta básica não são tabelados e que o contexto atual da guerra na Ucrânia tende a elevar os custos de comercialização. No entanto, Gleidson afirma que o consumidor pode e deve comparar preços.
A banana prata, por exemplo, foi encontrada em um lugar por R$ 2,95 e em outro por R$ 9,99 – diferença de quase 240%. O quilo do pão francês, que já vem com tendência de aumento pela dificuldade de acesso ao trigo, por conta da guerra, foi encontrado com menor preço de R$ 6,98, mas chegou a custar R$ 19,90 em outro estabelecimento. Para evitar pagar mais caro, buscar ofertas é uma saída, mas é preciso atenção.
“Sempre damos a dica de ir ao supermercado em dias de promoções, mas tem um alerta. Percebemos supermercados em que os itens promocionais estão de fato mais baratos, mas apenas eles. Os outros produtos ficam mais caros que o normal neste dia”, alerta o gerente do Procon.