Em Goiânia, literatura ganha impulso com redes sociais e adaptações de TV e cinema

Literarte literatura Goiânia
A literatura é uma das principais formas de manifestação artística e cultural do mundo. Infelizmente, a prática da leitura se tornou parte de um nicho, perdendo popularidade. Porém, isso vem mudando com a ajuda de adaptações no cinema e na televisão. A atuação das redes sociais nesse quesito também faz a diferença.

A paixão pela literatura

No início da década de 2010, a nova geração passou a sentir mais interesse pela literatura. Entre 2015 e 2019, no entanto, esse número diminuiu drasticamente. É o que atesta uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), revelando que o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores nesse período de quatro anos.

Yasmim Braga, de 27 anos, criou o Literarte em 2017 com o objetivo de expressar o seu amor pelos livros e fazer amizades. O seu conteúdo inclui resenhas, listas com dicas de leitura e vídeos. Para ela, a paixão pela literatura ainda é um nicho, mas a falta de informação é um ponto importante a se considerar.

“Infelizmente, são poucas as pessoas que realmente se interessam. Inclusive, muitos não imaginam que existam blogs, canais de live de leitura, muitos TikToks de livros. Porém, existem e ficou até um pouco saturado durante a pandemia. Mas eu gostei, porque muitas pessoas começaram a ler e criar conteúdo sobre livros em 2020”, afirma.

É o caso de Ana Paula Marques, de 34 anos. Natural de Goiânia, assim como Yasmim, ela criou o canal Tô Lendo Muito pelo Instagram em 2020 e também faz resenhas de livros. Na sua opinião, o interesse pela literatura no Brasil não é muito alto, ainda mais em relação a obras do próprio País.

“Ainda é pequena a quantidade de pessoas com interesse em literatura brasileira. Uma parcela apenas foca em ler livros nacionais por realmente gostarem, enquanto os demais focam na literatura estrangeira justamente por ter mais destaque”, declara.

União entre livros e televisão

Ana Paula Marques Tô Lendo Muito
Ana Paula Marques, do Tô Lendo Muito (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar dos filmes e séries terem o potencial de dividir o tempo de lazer de uma pessoa da nova geração, a adaptação de histórias baseadas em livros pode ter o efeito contrário e incentivar a leitura.

“Muita gente falando sobre os filmes e fazendo comparação com os livros acaba gerando interesse em pessoas que não costumam ler, só para conhecer o livro que o filme se baseou. Acho muito positivo termos tantas adaptações agora. Precisamos de leitores”, opina Yasmim. Ana Paula concorda, e ainda vai além.

“A nova geração z está sempre ligada nas redes sociais. Acredito que a maioria das produções hoje são criadas com foco nos jovens, a partir do que eles gostam e consomem na internet. O crescimento de adolescentes falando de livros e adaptações literárias aumentou muito com o Tik Tok e o Reels no Instagram”, explica.

Em pesquisa realizada pelo Ipec com o Instituto Pró Livro e o Itaú Cultural durante a Bienal do Livro de São Paulo, em julho deste ano, 28% dos entrevistados afirmavam ter obtido a indicação para sua leitura mais recente em uma dessas redes sociais, TikTok e Instagram.

Dentro do cenário goianiense, Yasmim acredita que existem poucas oportunidades em comparação a cidades como São Paulo e Brasília, as quais possuem grandes eventos e feiras literárias. Por isso, há essa limitação. No entanto, ela ressalta que está em um clube de leitura de Goiânia e que os leitores estão por aí.

Ana Paula, por sua vez, diz que algumas bibliotecas em Goiânia disponibilizam o empréstimo de livros. Além disso, alguns sebos vendem livros com preços mais acessíveis e com um catálogo bem diverso de títulos.

Recomendações de livros

Se você sentiu vontade de mergulhar no mundo da literatura, as duas produtoras de conteúdo dão dicas de por onde começar. Yasmim indica o romance “Raio de Sol”, de Kim Holden”, além da trilogia “Aurora”, de Jay Kristoff. Essa última é uma fantasia com ficção científica.

Já Ana Paula reforça a importância de conhecer a literatura brasileira. Pensando nisso, a sua recomendação é “Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos. De acordo com ela, é uma leitura emocionante e inspiradora e possui uma escrita fácil e fluida, além de abordar temas sobre amizade, relações familiares e a condição humana.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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