Última atualização 15/04/2022 | 07:42
Sem sombra de dúvidas, Goiânia é a capital do sertanejo. Com um gênero musical tão difundido na cidade, às vezes pode ser difícil para um outro estilo ganhar espaço no cenário. O rock n’ roll é um deles. Apesar da presença massiva do sertanejo, o rock ainda possui um nicho que pode ser menos lucrativo, no geral, mas que ainda assim gera muita paixão por parte dos envolvidos.
O amor dos roqueiros de Goiânia
No ramo do rock, Goiânia tem alguns festivais de destaque. Goiânia Noise, Grito do Rock, Vaca Amarela e Bananada são alguns deles. A banda Bad Distortion esteve presente nos dois primeiros, além do Goiânia Rock City. O Diário do Estado entrou em contato com o baixista João Henrique, Jota, para falar um pouco sobre os roqueiros da capital.
“Se for comparar com sertanejo, é quase inexistente a cena de rock em Goiânia. O sertanejo é muito mais fácil de conseguir ganhar dinheiro. Eu costumo dizer que quem toca música autoral, rock em específico, toca mais por amor do que pelo lado financeiro”, afirma João.
A ideia da banda surgiu com o guitarrista Luiz Fernando, o Poodle, e o baterista Igor Vaz. Os dois amigos, que fazem também a função dos vocais, se conheceram na infância e começaram a tocar juntos no Ensino Fundamental. Eles começaram tirando músicas das bandas que gostavam, como Sepultura, Metallica e Slayer.
Posteriormente, João os conheceu no Ensino Médio. Depois que formou, foi morar em Catalão. Quando voltou para Goiânia, entrou como integrante da banda. Os três então iniciaram o planejamento de compor músicas e fazer shows. O diferencial de escrever letras próprias, no entanto, pode ser um obstáculo para decolar na capital goiana.
“O segmento de rock em Goiânia é bem restrito, na verdade. Por mais que tenham muitas bandas, muita gente com vontade de tocar, é um espaço muito restrito, ainda mais quando se fala de banda autoral. Aquelas que tocam covers de outros artistas até que têm um certo espaço para tocar em bares, mas bandas de som autoral é muito difícil. Geralmente não temos apoio financeiro, tudo tem que sair do nosso bolso. Até conseguimos alguns shows, mas é difícil receber um cachê digno. Normalmente só ganhamos umas cervejas para tocar”, conta.
Um gênero musical que vem crescendo
O DE também conversou com Diego Uander, vocalista da banda Chá de Gim. O grupo surgiu entre 2014 e 2015 e possui outros quatro integrantes: Caramuru na guitarra, Marcelo Maia no baixo, Bernas na guitarra base e Alexandre Akires na bateria. Uander e Caramuru tocavam juntos em Itaberaí antes de virem para Goiânia e tentar viver de música.
“É um mercado muito complicado, escasso. A gente quase não tem lugar para tocar, aí ficamos dependendo de festivais. As casas de show mesmo são praticamente inexistentes. Tínhamos a Diablo para tocar, fechou durante a pandemia. A Bolshoi Pub foi a mesma coisa”, relata o vocalista.
Além disso, o cantor do Chá de Gim explica que as curadorias costumam trazer muitos artistas de fora, e poucos de Goiânia. “Mesmo assim, é um gênero musical que vem crescendo muito dentro de Goiânia com a força das bandas que estão saindo daqui para o mundo, que não são poucas. Os compositores goianos são maravilhosos, e isso não está ligado só ao sertanejo”, conclui.
A banda já se apresentou em festivais como Vaca Amarela e Bananada. Além disso, abriu shows de Moraes Moreira, Arnaldo Antunes e fez apresentações em Minas Gerais e Distrito Federal. No dia 20 de maio, o grupo estará no Centro de Convenções da PUC para um show ao lado de Chico César e Geraldo Azevedo.