Última atualização 25/04/2022 | 15:53
Mesmo com as campanhas e a disponibilização de vacinas, 2,6 milhões de goianos ainda não completaram o esquema vacinal contra Covid-19. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), pessoas mais jovens, entre 12 e 39 anos, são a maioria dos que não tomaram todas as doses. Os idosos são o grupo que mais mantêm a imunização em dia.
Sobre a possibilidade de piora da pandemia, a Superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, afirma que a quantidade significativa de pessoas sem esquema vacinal completo pode refletir na gravidade dos casos. “Não interfere na taxa de transmissão da doença, mas no número de casos graves e de óbitos, sim. O vírus continua circulando e quem não tomou reforço tem risco maior de se infectar e ir a óbito”, afirma a superintendente. Segundo Flúvia, os idosos têm respondido melhor ao chamamento para a vacina e a maioria dos que não completaram o esquema vacinal tem até 39 anos. “Por incrível que pareça”, comenta.
Números
O risco de não se vacinar é traduzido em números da pasta estadual de saúde. Em pessoas a partir dos 60 anos de idade, a média é de 29 óbitos para cada 100 mil habitantes, entre aqueles que tomaram só uma dose ou nenhuma. Quando observados os que cumpriram todo o esquema vacinal contra Covid, o número de mortes despenca para 2,74 para cada 100 mil.
A média de internações por síndrome respiratória aguda grave entre os que não tomaram todas as doses é de 23 por 100 mil. Entre os que tomaram todas as vacinas e o reforço, a taxa cai para 4,1.
O que falta para vacinar?
A superintendente da SES explica que os que ainda não tomaram todas as vacinas contra Covid-19 se dividem em dois grupos principais. Os que, ainda hoje, têm resistência à vacina – que são minoria, segundo Flúvia – e os que estão adiando o retorno a posto de aplicação, diante da melhora na situação da pandemia.
“A gente percebe que facilitar o acesso à vacina ajuda. Exemplo disso é a Procissão do Fogaréu, na cidade de Goiás. Havia pontos de vacinação na praça. Muita gente aproveitou que estava por lá para se imunizar e, alguém perguntava por que não tinham se vacinado antes, muitas respondiam ‘estava sem tempo, trabalhando’. Ou seja, a vacina ‘não veio até mim’”, comenta Flúvia.
Não vacinados e a máscara
Questionada sobre a possibilidade de a liberação do uso de máscara ser arriscada em um cenário com mais de 2 milhões com vacina pendente, Flúvia afirma que o percentual é observado em cada caso.
“A gente avalia os municípios. Do total, 172 [dos 246,no total] estão com mais de 75% de cobertura vacinal do esquema primário [duas doses]. Estudo da USP com Butantan mostra que, nesta porcentagem, a chance de ter casos graves e óbitos é muito pequena. Mas sim, esta proteção pode aumentar com a dose de reforço”, pontua a superintendente da SES.
Sobre a possibilidade de uma quarta dose para toda a população, e não só para idosos e imunossuprimidos, Flúvia afirma que ainda não há estudo consistente mostrando essa necessidade no Brasil. “Ainda não existe justificativa técnica para tal”, conclui.