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Em Goiás, apenas 24,55% das crianças e adolescentes vacinaram contra o vírus HPV; ideal seria 80%

Última atualização 21/10/2022 | 13:02

Em Goiás, apenas 24,55% das crianças e adolescentes se vacinaram contra o vírus do HPV, principal causador de câncer de colo de útero. O número é preocupante, visto que o ideal, segundo o Ministério da Saúde, é 80%. No âmbito nacional, a cobertura atual é de 63,89%, para meninas, e 41,84%, para meninos.

Perigos do vírus HPV

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus.

Vale ressaltar que, o HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST) muito temida porque o vírus é o causador de 99% dos casos de câncer de colo de útero, segundo a médica ginecologista e obstetra, Mariana Rosário.

“A partir da exposição ao HPV, podem surgir verrugas genitais, lesão pré-maligna de câncer (também chamada de lesão precursora), vários tipos de cânceres, como os do colo de útero, vagina, vulva, ânus, pênis e orofaringe, bem como a Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR)”, explica a ginecologista.

A doença também pode permanecer assintomática, manifestando-se ou não ao longo da vida. O que se sabe é que quem foi contaminado pelo HPV torna-se um potencial transmissor do vírus. E, de acordo com Mariana, “apesar de as estatísticas apontarem que 10% dos homens ou mulheres terão esse tipo de verruga ao longo da vida, realmente esse número pode ser maior, devido ao fato de muitas pessoas não manifestarem a doença, mas a transmitirem a outras. Por isso, cada vez mais, o uso do preservativo é tão importante”.

As lesões, causadas pela manifestação do HPV, se apresentam como verrugas na região genital e no ânus (popularmente chamadas de crista de galo) e podem causar coceira. Elas, geralmente, são causadas pelos tipos de HPV não cancerígenos e são visíveis a olho nu. Já aquelas não visíveis a olho nu podem ser causadas por tipos de HPV de baixo ou alto risco de causar câncer, nas mesmas regiões.

O HPV também pode se manifestar na vagina, vulva, colo do útero, região perianal, ânus, pênis, bolsa escrotal e na região pubiana. Em casos menos frequentes, ataca a mucosa nasal, oral e laríngea, bem como as conjuntivas (área dos olhos).

O contágio ainda pode ocorrer, de forma rara, durante o parto natural. Neste caso, o bebê pode adquirir o tumor benigno Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR), que atinge o trato respiratório, principalmente, laringe e traqueia, causando rouquidão e obstrução das vias respiratórias, apresentando o problema entre o primeiro e o quarto ano de vida, quando os pais percebem alterações na voz. A doença tem tratamento e raramente evolui para o câncer.

Nos homens, é mais comum aparecerem as verrugas genitais, mas há casos de os tipos de HPV de alto risco causarem câncer de pênis e de ânus.

Diagnóstico e tratamento da doença

O diagnóstico do HPV é realizado por exame clínico, em consultório, com confirmação através de uma sequência de exames. No entanto, não existe um tratamento específico para eliminar o Papilomavírus humano do organismo.

Além disso, ele pode desaparecer espontaneamente ou ficar ativo pela vida inteira, manifestando-se quando a imunidade baixa. Neste período, é quando aparecem verrugas genitais, por isso, o tratamento é individualizado e depende da avaliação médica.

“São analisadas o tamanho, a quantidade e a localização das lesões e as condições financeiras da paciente, porque há tratamentos que o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece ou até os convênios não cobrem”, explicou Mariana.

O médico opta por laser, eletrocauterização, aplicação de ácido tricloroacético (ATA) e a adoção de medicamentos que melhoram o sistema imunológico. Em casos de câncer, até mesmo a cirurgia pode ser uma opção.

Qual é a importância da vacinação?

No Brasil, a vacina contra o vírus é indicada para meninos e meninas de 9 a 14 anos de idade, além de crianças e adultos de 9 a 45 anos portadores de HIV e AIDS ou que receberam transplante de órgãos.

No serviço particular, as vacinas são disponibilizadas para crianças e adultos entre os 9 e 45 anos. Pessoas que já apresentaram a doença podem ser vacinadas, para evitar que outros tipos de HPV as contaminem, novas verrugas aparecem e haja redução do risco de câncer.

Na rede pública, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que a vacina está disponível nas salas de vacinação das Unidades Básicas de Saúde dos 246 municípios, para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de idade, no esquema de duas doses com intervalo de 6 meses entre as doses.

Ainda de acordo com a SES, a vacina é segura e eficaz na redução dos agravos causados pelo vírus, na fase adulta da vida. “por isso são preocupantes os dados de cobertura vacinal, especialmente os que se referem à segunda dose e no sexo masculino, resultando assim, em um maior contingente de não vacinados no País e, portanto, sem a proteção devida para as infecções causadas pelo HPV”.

Entre os dias 8 de agosto e 8 de outubro, foram aplicadas 22.629 doses da vacina contra o HPV, no estado, durante a Campanha de Multivacinação para crianças e adolescentes de até menores de 15 anos. Atualmente, a imunização segue disponível na rotina das salas de vacinação para esse público.

A SES enfatiza a segurança e efetividade da vacina na redução desses agravos, na fase adulta da vida, por isso são preocupantes os dados de cobertura vacinal, especialmente os que se referem à segunda dose e no sexo masculino, resultando assim, em um maior contingente de não vacinados no País e, portanto, sem a proteção devida para as infecções causadas pelo HPV. Diante disso a médica Mariana Rosário, orienta.

“É preciso que se crie a consciência em dois grupos específicos: pais de crianças e adolescentes, que devem ficar atentos ao calendário vacinal, não perdendo a chance de vacinarem seus filhos e filhas, e adultos que podem tomar a vacina, seja por meio particular ou por pertencerem a grupos de risco”, ressaltou Mariana.

E afirma, “a doença só será erradicada quando o maior número de pessoas possível estiver vacinada, porque a contaminação pelo HPV é muito rápida. Muitas mulheres já morreram pelo câncer de colo de útero e isso pode ter fim nos próximos anos. Cabe a nós fazermos o nosso papel”.