Em Goiás, transporte clandestino de passageiros aumenta 25%

O transporte “pirata” nas rodovias que passam por Goiás teve aumento de 25% neste ano. O número se refere ao total de autuações feitas até o início de outubro pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A tendência é que as infrações subam e fiquem bem acima dos registros efetuados em 2021.

Além de ilegal, viajar em transporte clandestino traz sérios riscos aos passageiros. Os carros, vans e ônibus nessa situação costumam apresentar problemas como falta de itens de segurança e de seguro. Nesses casos, as pessoas não têm garantia de continuar a viagem se houver problema mecânicos ou mesmo acidente.

A proximidade do fim do ano deve fazer muitos goianos optarem pelo transporte clandestino em vez de um regular. Para muitas delas, o preço é o principal atrativo. Na porta da rodoviária de Goiânia, alguns motoristas oferecem viagem para Brasília por R$ 50. A passagem comercializada na rodoviária da capital com o mesmo destino custa entre R$ 69,99 e R$ 115.

Em resposta ao Diário do Estado, a ANTT informou que promove periodicamente ações de fiscalizações para combater as irregularidades nos serviços interestaduais. “As operações são efetuadas em pontos estratégicos e em algumas ocasiões são realizadas em parceria com a Polícia Militar e/ou Polícia Rodoviária Federal (PRF)”, divulgaram. 

A PRF informou à reportagem que não tem competência para coibir esse tipo de infração, porém deve intensificar as operações a partir de dezembro, mês de férias, festas e muitas chuvas.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) considera crime o transporte remunerado de pessoas ou bens feito por veículos não licenciados. É considerado falta de natureza gravíssima e tem multa prevista de R$ 293,47, além da remoção do veículo. 

Um projeto de lei em tramitação no Senado propõe imputar prisão de  4 a 12 anos para motoristas de  veículos clandestinos envolvidos em acidente rodoviário interestadual com morte. 

Confira os números:

2022*: 392 autos de infração e 242 veículos apreendidos

2021: 313 atuações e 213 apreensões

*dados entre janeiro e 7 de outubro deste ano

Fonte: ANTT

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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