Em Luziânia, mulheres denunciam pai de santo por abuso sexual

Um homem que se intitula como “Pai José”, de 46 anos, foi denunciado por diversas mulheres por estupro e abuso sexual, a Delegacia de Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal (DF). As vítimas afirmaram que ele se aproveitava da condição de líder religioso para se aproximar delas e cometer os crimes.

Uma das vítimas relatou que até último momento foram descobertos apenas dez casos. O boletim de ocorrência contra Edvan José Ferreira da Luz Filho, Pai José, foi registrado na última segunda-feira, 10, e, segundo a vítima, desde então outros três casos já foram revelados. Ainda de acordo com ela, algumas das mulheres estão com os órgãos genitais lacerados em razão dos abusos sexuais.

Ela conta que Pai José alegava que as fiéis precisavam de “banhos de descarrego” e entre as praticas dele estavam o sexo, passar a mão no corpo, ordernar que elas tocassem no orgão genital dele ou passa-lo pelo corpo delas.

Recentemente, as vítimas descobriram que ele estava foragido e suspeitam que ele já tenha feito isso com outras mulheres em outra cidade. “Ele chegou em Valparaíso fugindo de um caso que aconteceu no Recanto das Emas, mas nós não sabíamos. Nesta semana, a gente [frequentadoras da Casa de Umbanda] começou a unir os pontos e descobrir cada vez mais casos. Fomos até a casa dele, mas ele já fugiu novamente”, disse a mulher.

Uma das vítimas, que é psicóloga, informou que tem conversado com as demais mulheres que sofreram o abuso do pai de santo. “É um assunto muito delicado. Suspeitamos que algumas estejam grávidas. Ele abusou de menores de idade, mulheres mais velhas, de todas as idades, sempre com a mesma narrativa de que precisavam fazer um descarrego. Estamos despedaçadas, desoladas”, afirmou ela.

Abuso financeiro 

Conforme registrado no boletim de ocorrência, uma das vítimas relatou que foi abusada cinco vezes pelo homem. Ainda de acordo com ela, ele também abusava financeiramente das mulheres. “Em três meses que eu estava na casa [centro religioso], coloquei mais de R$ 3 mil na mão dele. Tem gente na casa que não tinha nem condição de comer e deu dinheiro para ele, sem que ele desse qualquer explicação sobre esse dinheiro”, declarou a mulher.

Segundo informações divulgadas pela vítima, o pai de santo é casado com uma mulher de 26 anos. No entanto, se casou com ela quando ela tinha apenas 12 anos. A vítima ressalta que a esposa está ciente dos fatos, mas também está sumida.

“Era uma manipulação muito pesada. Ele dizia que, se as mulheres não passassem pelo descarrego, os familiares morreriam, filhos, companheiros. Vamos ter que fazer exames de corpo de delito, estamos fragilizadas, mas nos movimentando para que algo seja feito. Estamos todas muito preocupadas”, reforçou.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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